Você acredita que humanos utilizam feromônios para
se comunicar?
Existem três linhas de pensamento sobre esse
assunto: a adepta de que não existe feromônios em mamíferos (inclusive em seres
humanos), a adepta de que não sabemos se existe ou não porque ainda não foi
provado de fato e a adepta de que existem sim feromônios em mamíferos e em
seres humanos e nós nos comunicamos através deles.
Mas o que é um feromônio?
Feromônios são sinais químicos que evoluíram para a
comunicação entre membros da mesma espécie. Eles são moléculas sinais
características, por exemplo, de todos os machos de uma espécie (não de um
macho em particular). Alguns machos podem apresentar uma quantidade maior de um
determinado feromônio e, talvez, por isso que as fêmeas prefiram esse macho.
Importante lembrar que feromônios não são cheiros individuais que permitem
distinguir entre indivíduos. Muitos feromônios, inclusive alguns
feromônios femininos de traças e de alguns mamíferos, não são compostos
simples. Ao invés disso, eles tendem a ser uma combinação complexa de
substâncias como por exemplo os oestrogenos sulfatados que se unem a uma fração
em particular da urina da fêmea de ratos formando um feromônio multi-componente
produzido por fêmeas no estro e que induz a monta do macho.
Qual a função dos feromônios?
Um sinal de feromônio induz a uma reação específica
tal como um comportamento estereotipado e/ou um processo de desenvolvimento em
um coespecífico (indivíduo da mesma espécie). Alguns feromônios podem ter os
dois efeitos. Feromônios tem sido identificados em todo o reino animal,
incluindo mamíferos, e podem envolver uma gama de funções incluindo atração
entre sexos, escolha do parceiro, guia para seguir uma trilha e interações
entre pais e prole, dependendo da espécie.
Vamos falar das provas contestando a existência de
feromônios em outras espécies que não insetos:
Um dos principais pesquisadores que tem essa
crítica é o Richard L. Doty que é diretor do Centro de Cheiros e Gostos da
Universidade da Pennsylvania e um pesquisador renomado na área de funcionamento
e disfunção olfatória. Ele é um dos pioneiros no desenvolvimento e validação de
técnicas quantitativas para avaliar o olfato. Ele também é o autor do livro
“The Great Pheromone Myth” no qual ele critica não só a existência de
feromônios em animais que não insetos, como também faz uma crítica sobre práticas
e processos na ciência. O argumento principal do livro é que todos os
comportamentos e fenômenos fisiológicos que pensamos ser causados por
feromônios ou não se encaixam na definição de feromônios ou são de existência
questionável. Segundo ele, quase todos ou todos os comportamentos de mamíferos
alegadamente causados por feromônios envolvem experiência prévia ou
aprendizado. Ele diz que em casos em que prováveis feromônios foram
identificados ou os efeitos não foram replicados ou não foram tão fortes quando
o animal que exala o possível feromônio estava presente.
Quando o assunto vai para feromônios humanos, a
coisa fica ainda mais feia. Segundo Doty, por trás dessa questão de feromônios
humanos, existe uma série de questões científicas, políticas e principalmente
econômicas. Muitas das pesquisas envolvendo feromônios humanos são sobre os
efeitos de androteronas que são prováveis feromônios de porcos. Ele inclusive
“brinca” com o absurdo dessa questão fazendo as seguintes perguntas: Mulheres
são atraídas pelo odor de porcos machos ou mais propensas a fazerem sexo quando
na presença desses odores? As taxas de natalidade ou outros índices de
comportamento sexual são maiores em estados onde existem muita criação de
porcos?
Ele acredita que está tudo ligado à “mania” de
pensamentos reducionistas que tentam explicar fenômenos complexos através da
explicação de fenômenos mais simples e conhecidos.
Vamos falar das provas contestando a existência de
feromônios em humanos (ou a não prova de existência):
Quem encabeça essa ideia é o pesquisador Tristram
D. Wyatt. Ele estuda a evolução dos feromônios nos animais na Universidade de
Oxford. Tem vários livros e artigos sobre o assunto e também um vídeo no TED
Talks que resume bem sua opinião.
Segundo ele, não é que não existam feromônios
humanos, só ainda não houve prova de que eles existem. O que é bem diferente.
Ele baseia seu discurso e sua opinião numa pergunta bem intrigante: Porque não
tratamos o ser humano como qualquer outro animal na hora de fazer essas
análises? Porque existem pesquisas muito boas com feromônios de ratos, porcos,
cabras, etc, mas quando vemos as pesquisas em seres humanos, elas não passam de
extrapolações com pouco poder estatístico de análise?
Assim como Doty, ele aborda bastante esse assunto
da intervenção econômica nessa área da ciência, fazendo com que haja uma
predileção por pesquisas com resultados positivos. Ainda no seu artigo para a
Procedings of the Royal Society, ele indica alguns meios, análises e métodos
para se chegar a resultados realmente satisfatórios e saber, de uma vez por
todas, se humanos tem ou não feromônios. Além disso, ele fala de um provável
candidato a feromônio humano e que não tem nada a ver com escolha de parceiro
ou assuntos sexuais. Ele chama atenção para um estudo que analisa uma
substância excretada do mamilo de mulheres quando estas estão amamentando e que
é responsável por induzir o bebê a sugar o leite. Nesse estudo, bem detalhado,
com um bom poder estatístico reside uma das poucas provas, segundo Wyatt, de
que humanos tem sim feromônios e utilizamos eles para nos comunicar.
Vamos falar agora das provas de que existem
feromônios nos seres humanos:
Existem alguns estudos que “demonstram” a
existência de feromônios. Vários deles tem participação de uma pesquisadora
chamada Martha McClintock. Ela é uma psicóloga conhecida pela sua pesquisa em
feromônios e pela criação da teoria de sincronização menstrual em 1971. Muita
gente também já ouviu falar dessa teoria. Segundo McClintock, mulheres que
vivem juntas acabam sincronizando seus ciclos através de dois feromônios: um,
produzido antes do período ovulatório que diminui o ciclo do receptor e outro,
produzido durante a ovulação que aumenta o ciclo do receptor. Segundo a autora,
essa seria uma estratégia para que um único macho não fecundasse todas as
fêmeas. Se todas estiverem no período fértil, não seria possível um único macho
fecundar todas. Os estudos da pesquisadora McClintock sofrem uma série de
críticas e muitos outros pesquisadores acreditam se tratar de um mito. Alguns estudos
contestando a teoria creditam a sincronia ao acaso, já que não conseguiram
replicar os resultados. Verdade ou não, as substâncias capazes de alterar o
ciclo menstrual das mulheres ainda não foram identificadas.
Outro estudo, já bem menos criticado, é sobre a
secreção das glândulas presentes nos mamilos das mulheres durante a amamentação
e como essa secreção pode alterar comportamentos de bebês, mesmo que a secreção
da glândula não seja da sua mãe. A secreção das glândulas de mães recentes foi
retirada e colocada próximo ao nariz dos bebês. Várias outras substâncias foram
testadas, mas somente a secreção das glândulas de Montgomery induziu uma
mudança de comportamento duradoura no bebê. Não só o comportamento foi
alterado, como também a função respiratória foi diferenciada quando a secreção
era apresentada aos bebês em comparação com outras substâncias, indicando que
possivelmente a substância em questão seja um feromônio.
Então, vc acredita em feromônios? Deixe seu comentário e sugestões para os próximos tópicos.
Referências