terça-feira, 6 de junho de 2017

CRISPR/Cas 9 e seus efeitos colaterais

     Eu já falei aqui no blog sobre o grande método do momento: Crispr/Cas9 (Clique aqui se você ainda não leu). É um método revolucionário, mais fácil, mais rápido, mais preciso e mais barato que os outros métodos de edição de genes. Inúmeros artigos relatando as maravilhas dessa nova tecnologia estão sendo escritos (dê uma olhada aqui) e já está em curso um teste clínico em humanos para tratamento de câncer de pulmão. Eu acredito que esse método ainda será uma ferramenta muito importante no futuro, mas ainda há diversos aspectos a serem estudados.

     Todo tratamento tem seu efeito colateral e não poderia ser diferente com a terapia gênica. Uma equipe formada por profissionais de diversas universidades dos Estados Unidos fez o sequenciamento do genoma total de um animal que teve genes editados com CRISPR/Cas9. O que eles descobriram foi que, apesar de ser bastante precisa, essa técnica estava causando mutações que estavam passando despercebidas.

     Segundo os autores, a técnica causou inserções, deleções e SNPs identificadas somente no animal tratado com CRISPR (não identificadas nos animais controles). A maioria das mutações ocorreu em regiões não codificantes, mas algumas afetaram genes. Indels e SNPs causaram mutações não sinônimas em sequências codificadoras de proteínas, incluindo a inserção de stop códon- o que inviabiliza a proteína. Apesar de todas essas mutações, o rato tratado não demonstrou nenhum problema óbvio.

     A intenção da pesquisa e dos autores não é, de forma alguma, inviabilizar ou denegrir a CRISPR. O mesmo grupo, num artigo anterior, conseguiu modificar um gene e curar a cegueira de um rato com essa técnica. O que os autores esperam é que se tenha mais cautela e uma boa avaliação da precisão do método. Para eles, simplesmente utilizar algoritmos que predizem alvos não desejados não é suficiente já que nenhuma das mutações encontrada foi indicada pelo algoritmo usado. Ainda é necessário trabalhar a precisão da CRISPR e avaliar os resultados de perto.

Referências:


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