Eu já falei aqui no blog sobre o grande método do momento:
Crispr/Cas9 (Clique aqui se você ainda não leu). É um método revolucionário, mais fácil, mais
rápido, mais preciso e mais barato que os outros métodos de edição de genes.
Inúmeros artigos relatando as maravilhas dessa nova tecnologia estão sendo
escritos (dê uma olhada aqui) e já está em curso um teste clínico em humanos para tratamento de câncer de pulmão. Eu acredito que esse método ainda
será uma ferramenta muito importante no futuro, mas ainda há diversos aspectos
a serem estudados.
Todo tratamento tem seu efeito colateral e não poderia ser
diferente com a terapia gênica. Uma equipe formada por profissionais de
diversas universidades dos Estados Unidos fez o sequenciamento do genoma total
de um animal que teve genes editados com CRISPR/Cas9. O que eles descobriram
foi que, apesar de ser bastante precisa, essa técnica estava causando mutações
que estavam passando despercebidas.
Segundo os autores, a técnica causou inserções, deleções e
SNPs identificadas somente no animal tratado com CRISPR (não
identificadas nos animais controles). A maioria das mutações ocorreu em regiões
não codificantes, mas algumas afetaram genes. Indels e SNPs causaram
mutações não sinônimas em sequências codificadoras de proteínas,
incluindo a inserção de stop códon- o que inviabiliza a proteína. Apesar
de todas essas mutações, o rato tratado não demonstrou nenhum problema óbvio.
A intenção da pesquisa e dos autores não é, de forma alguma,
inviabilizar ou denegrir a CRISPR. O mesmo grupo, num artigo anterior,
conseguiu modificar um gene e curar a cegueira de um rato com essa técnica. O
que os autores esperam é que se tenha mais cautela e uma boa avaliação da
precisão do método. Para eles, simplesmente utilizar algoritmos que predizem
alvos não desejados não é suficiente já que nenhuma das mutações encontrada foi
indicada pelo algoritmo usado. Ainda é necessário trabalhar a precisão da
CRISPR e avaliar os resultados de perto.
Referências:
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