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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Links para saber mais - Cetáceos possuem sociedade e cultura semelhante aos humanos

Todo mundo que já viu ou leu Guia do Mochileiro das Galáxias sabe (ou desconfia) que os golfinhos são mesmo mais inteligentes que nós. Por exemplo, golfinhos nunca elegeriam Trump para presidente, o que já mostra um intelecto bem avançado. Sabendo disso, cientistas de universidades do Reino Unido, EUA e Canadá resolveram estudar se existia algum tipo de cultura nas sociedades de golfinhos, baleias e botos (cetáceos) e o que era responsável por comportamentos considerados complexos.

Esse é o primeiro estudo que cria um enorme banco de dados cruzando informações de comportamentos complexos ao tamanho do cérebro dos cetáceos. A hipótese é que os cetáceos são considerados um dos animais mais inteligentes do planeta justamente pela relação de tamanho entre cérebro e corpo. A lista de comportamentos mostra diversas semelhanças com comportamentos humanos e primatas:

-Complexas relações de aliança – trabalham juntos para benefício mútuo;

-Transferência social de técnicas de caça – ensinamentos de como caçar utilizando ferramentas;

-Caça cooperativa;

-Complexas vocalizações, incluindo DIALÉTOS REGIONAIS E DE GRUPOS – Basicamente eles conversam;

-Mimetismo vocal e “apitos exclusivos” únicos de alguns indivíduos – ELES TEM NOMES;

-Cooperação interespecífica com outras espécies, incluindo o homem;

-Cuidado parental de filhotes e jovens que não são sua prole;

-Brincadeiras sociais.


Segundo uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho, eles tiveram o mesmo caminho evolutivo de desenvolvimento de inteligência pelo qual passaram primatas e humanos. Ela diz que eles só não serão capazes de imitar nossos avanços tecnológicos porque não desenvolveram polegares opositores. Outra neurocientista que participou da pesquisa afirma que, na sua opinião, apesar de existirem diferenças entre estruturas cerebrais de humanos e cetáceos, esse não o motivo pelo qual eles não atingem graus mais elevados de habilidades sociais e cognitivas. Ela ainda afirma que, justamente, apesar dessas diferenças estruturais, ambas as espécies evoluíram de maneira a mostrar comportamentos cognitivos e sociais muito semelhantes.

Referências:
Whales and dolphins have rich 'human-like' cultures and societies. ScienceDaily.

Kieran C. R. Fox, Michael Muthukrishna, Susanne Shultz. The social and cultural roots of whale and dolphin brains. Nature Ecology & Evolution, 2017; DOI: 10.1038/s41559-017-0336-y

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Links para saber mais - Personalidade dos animais

Nós estamos acostumados a não pensar em nós mesmos como animais por diversos motivos. Por conta disso, tendemos a imaginar que não compartilhamos determinados comportamentos e características com outros animais. Por exemplo, você já deve ter se surpreendido com um cão, gato, pássaro ou até mesmo um macaco desempenhando alguma tarefa relacionada a resolução de problemas. Ou ainda, você já deve ter conhecido cães da mesma raça com temperamentos completamente diferentes. Para os cães, que fazem parte da nossa rotina (mesmo que você não tenha um) é fácil imaginar que eles tenham diferentes personalidades, mas você já imaginou peixes ou mesmo aranhas com personalidades diferentes?

No caso dos peixes, não fomos somente nós que nunca imaginamos que eles tivessem uma gama de personalidades (eu confesso que nunca pensei em peixes dessa maneira). Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, também não faziam ideia de que um peixe que conhecemos aqui no Brasil como barrigudinho (Poecilia reticulata) poderia demostrar comportamentos complexos na época em que começaram o estudo. Os cientistas começaram os testes de comportamentos a fim de dividir os indivíduos em dois grupos: aqueles que evitavam riscos e aqueles que encaravam riscos. O que eles acabaram encontrando foi uma variação entre indivíduos que não poderia ser traduzida de maneira tão simples. Por exemplo, num dos testes, os pesquisadores avaliavam o comportamento dos animais expostos a um ambiente novo. Alguns indivíduos se escondiam, outros tentavam escapar, outros exploravam o local e assim por diante. Uma das coisas importantes que os pesquisadores notaram foi que as diferenças entre os indivíduos eram consistentes, ou seja, os que eram mais exploradores continuavam mais exploradores independente da situação (a menos que fosse uma situação de extremo perigo na qual a maioria dos indivíduos agia de maneira similar). Por conta desse resultado, os pesquisadores agora planejam estudar se esses comportamentos tem base genética.
Fonte: http://www.guiadospeixes.com/peixe-barrigudinho/peixe-barrigudinho-agua-doce/
Já outro grupo de cientistas, da Universidade Nacional de Singapura, estudou o comportamento de aranhas da espécie Portia labiata. Novamente os cientistas foram surpreendidos pelos resultados. Em primeiro lugar, eles avaliaram a agressividade dos indivíduos de aranhas. Após separá-las em agressivas e “dóceis”, os cientistas colocavam as aranhas numa situação em que elas deveriam tomar uma decisão. O que eles viram foi que as aranhas mais agressivas tomavam decisões mais rapidamente e, surpreendentemente, as decisões rápidas eram tão acuradas quanto as decisões lentas. Esse comportamento é o contrário do que ocorre no ser humano, por exemplo, já que estudos mostram que quando tomamos decisões rapidamente, tendemos a tomar decisões erradas.
Fonte: http://tchuanye.smugmug.com/Photography/Portfolio
Depois de ler esses resultados eu provavelmente não vou mais me surpreender com alguns comportamentos dos meus cachorros.

Referências:
Thomas M. Houslay, Maddalena Vierbuchen, Andrew J. Grimmer, Andrew J. Young, Alastair J. Wilson. Testing the stability of behavioural coping style across stress contexts in the Trinidadian guppy. Functional Ecology, 2017; DOI: 10.1111/1365-2435.12981.

Fish have surprisingly complex personalities: Tiny fish called Trinidadian guppies have individual 'personalities,' new research shows. ScienceDaily.

Chia-chen Chang, Pangilinan J. Ng, Daiqin Li. Aggressive jumping spiders make quicker decisions for preferred prey but not at the cost of accuracy. Behavioral Ecology, 2016; arw174 DOI: 10.1093/beheco/arw174.

Aggressive spiders are quick at making accurate decisions, better at hunting unpredictable preys. ScienceDaily.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Links para saber mais

Muitos estudos de comportamento de mamíferos focam nas relações entre parentes maternos, mas Emily Lynch foi além. Essa cientista, da Universidade do Missouri, juntamente com um grupo de colegas investigaram se a figura paterna presente impactava no desenvolvimento da vida social de babuínos. A conclusão (que parece óbvia para nós que também somos primatas) é que ter o pai presente fortalece os laços sociais entre irmãos. Os cientistas ainda não sabem dizer como isso ocorre, já que os filhotes não sabem exatamente quem é o verdadeiro pai dentre os machos do grupo. Mais estudos que foquem nessa questão da relação entre pai e prole são necessários e quem sabe, dessa maneira, muitos pais humanos consigam entender o impacto da sua presença na vida dos filhos.
By Muhammad Mahdi Karim (original photograph), Papa Lima Whiskey (derivative edit) - Own work, GFDL 1.2, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11259097

Fonte: 
Fathers enhance social bonds among paternal half-siblings in immature olive baboons (Papio hamadryas anubis) - https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00265-017-2336-y

Para saber mais sobre a sociedade dos babuínos: https://en.wikipedia.org/wiki/Olive_baboon

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Links para saber mais

     Descobertas recentes começam a esclarecer a base genética do comportamento dos animais na natureza com relação à socialização. Cientistas viram que encontros, mesmo que curtos, com um invasor faz com que aconteça uma cascata de mudanças na atividade gênica no cérebro de pequenos peixinhos da família Gasterosteidae que pode durar por até duas horas. Os cientistas analisaram a expressão gênica em regiões do cérebro desses animais após eles ficarem por 5 minutos com outro peixe no tanque. Esses peixinhos são territorialistas e os pesquisadores acreditam que as mudanças que aconteceram no DNA, que envolviam genes que contribuem com imunidade, secreção de hormônios, metabolismo e homeostase, seriam modificações para facilitar a resposta do animal em eventos futuros.

Fonte: www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170717110440.htm
Artigo: http://journals.plos.org/plosgenetics/article?id=10.1371/journal.pgen.1006840#sec007