segunda-feira, 31 de julho de 2017

Links para saber mais

     
Jessica Hua - Professora da Universidade de Binghamton
Jessica Hua, professora assistente da Universidade de Binghamton (NY), conduziu um estudo multidisciplinar que analisou dados de evolução, ecologia e toxicologia de anfíbios. Jessica, juntamente com outros pesquisadores, descobriram que anfíbios são capazes de desenvolver tolerância a pesticidas utilizados na agricultura, mas essa tolerância vem com um preço muito alto. A tolerância a pesticidas torna os anfíbios mais susceptíveis a parasitas. Essa susceptibilidade é muito perigosa, pois já existem dados mostrando queda em populações de anfíbios causada por parasitas.

Wood Frog (sapo da floresta) - espécie modelo utilizada no estudo.
Artigo completo:                                                                                http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/eva.12500/abstract;jsessionid=5F240AC4229085F9BB0335145B7A1CCD.f02t01

Outras fontes:
www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170717151043.htm

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Os superpoderes da sua microbiota intestinal

     O que a sua microbiota intestinal (conhecida antigamente como flora intestinal) tem a ver com seu humor, o desenvolvimento do seu cérebro ou sua imunidade? A reposta é: muito. Há algum tempo atrás não havia muito interesse nas bactérias que povoam nosso intestino, apesar de saber que elas trazem benefícios para a nossa saúde como auxiliares na síntese de algumas proteínas, absorção de nutrientes e ainda limitam ou impedem o crescimento de patógenos perigosos para nossa saúde. Mas de uns três anos pra cá, a microbiota virou assunto da moda e atualmente existem um sem fim de estudos que demonstram que ela está envolvida com uma série de funções no nosso organismo.

Microbiota e suas emoções
     Pesquisadores da Universidade da Califórnia identificaram que as bactérias do intestino podem interagir com regiões do cérebro responsáveis pelo humor e certos tipos de comportamento. Os pesquisadores estudaram amostras fecais de 40 mulheres cruzando informações do perfil de bactérias do intestino com respostas a estímulos cerebrais. Através da composição da microbiota, eles dividiram essas mulheres em dois grupos: um grupo com predominância de Bacteroides (33 mulheres) e outro com predominância de Prevotella (7 mulheres). O grupo com maior predominância de Bacteroides mostrou maior espessura de massa cinzenta no córtex pré frontal e ínsula (áreas do cérebro envolvidas com o processamento de informações complexas). Além disso, os pesquisadores também viram que essas mulheres possuíam hipocampos maiores. O hipocampo é uma área ligada ao processamento da memória. Já o grupo com predominância de Prevotella mostrou ter mais conexões entre as regiões do cérebro responsáveis por emoções, atenção e sensações, além de menor volume cerebral em diversas regiões, como o hipocampo. O hipocampo das mulheres do grupo Prevotella também foi menos ativo quando elas eram expostas a imagens negativas e demonstravam mais sentimentos como ansiedade, stress e irritabilidade após olhar fotos com imagens negativas.
     Outro estudo, liderado por Jennifer Labus (também da Universidade da Califórnia) mostrou uma associação entre microbiota e emoções em pessoas portadoras da Síndrome do Intestino Irritável. Os resultados desse estudo sugerem que os sinais gerados pelo cérebro podem influenciar a composição da microbiota existente no intestino e os químicos gerados no intestino podem mudar a estrutura do cérebro. A coisa toda funciona como um círculo vicioso. 

     Além disso, eles descobriram que o gatilho para a mudança da flora intestinal na infância pode ser um trauma. Assim, essa nova microbiota causaria mudanças em áreas estruturais e funcionais do cérebro responsáveis por codificar informações relacionadas à sensibilidade do intestino. Maior sensibilidade do intestino é uma das características mais marcantes de portadores da Síndrome do Intestino Irritável.

Microbiota e o desenvolvimento do cérebro
     O que as fraldas sujas do seu bebê podem te dizer sobre o desenvolvimento cognitivo dele? 

     Um artigo publicado no periódico Biological Psychiatry respondeu essa pergunta mostrando que há associação entre o perfil de bactérias do intestino de crianças e o desenvolvimento cognitivo delas durante a infância. Os pesquisadores coletaram amostras de fezes de 89 crianças de um ano de idade e identificaram o perfil da microbiota intestinal através de análises genéticas dos microrganismos. As crianças foram dividas em três grupos com base na similaridade de microrganismos nos seus intestinos. Um ano depois, os pesquisadores aplicaram testes de desempenho cognitivos (Escalas de Mullende Aprendizagem Precoce) nessas crianças para avaliar habilidades motoras, perceptivas e desenvolvimento da fala. Novamente os Bacteroides tiveram destaque. As crianças com um maior número dessas bactérias do intestino tiveram os melhores índices nos testes. Os pesquisadores também tiveram uma surpresa ao descobrir que crianças com mais variabilidade de microrganismos no intestino obtiveram menores índices nos testes de desempenho cognitivos comparados com as crianças com menor variabilidade. Isso foi surpreendente, pois existem estudos mostrando que uma microbiota menos diversa na infância é associada com algumas doenças como diabetes tipo I e asma.
     Os pesquisadores tentam, agora, entender como se dá essa comunicação entre as bactérias do intestino e o cérebro. Eles estão avaliando algumas vias de sinalização que poderiam estar envolvidas ou se a comunidade de bactérias estaria funcionando como um mediador de outros processos que podem influenciar o desenvolvimento cerebral, como variação nos níveis de alguns nutrientes.

Microbiota e a imunidade
     Um grupo liderado por uma pesquisadora da Universidade da Califórnia demonstrou que moléculas chamadas microcinas, produzidas por uma cepa de bactéria que habita o intestino humano, pode bloquear certas bactérias patogênicas responsáveis por causar inflamação no intestino. Os cientistas viram que as microcinas não eram responsáveis diretamente por inibir o crescimento de cepas patogênicas, mas ela auxilia a bactéria não patogênica a limitar o crescimento da bactéria patogênica.

Como manter a microbiota saudável?

     Alguns alimentos possuem atividades prebióticas, ou seja, possuem algum nutriente não digerível e que estimula o metabolismo de alguma(s) bactéria(s) do trato intestinal. Por exemplo, cientistas descobriram que o cranberry possui um carboidrato, chamado xiloglucano, capaz de servir de nutriente para algumas cepas de Bifidobacterium. Eles também notaram que as bifidobactérias que eram capazes de metabolizar xiloglucanos produziam mais ácido fórmico e menos ácido lático (que é normalmente secretado por essas bactérias). Ainda não se sabe o efeito na saúde de uma produção maior de ácido fórmico no intestino O que se sabe é que ele baixa o pH do trato intestinal, assim como o ácido lático, e ainda é efetivo na inibição do crescimento de algumas cepas de E. coli e Salmonela.

     Para manter a microbiota diversa e ativa é importante ter uma alimentação saudável com muitas fibras. Algumas pessoas precisam de uma forcinha e podem utilizar probióticos. Probióticos são organismos vivos, como os Lactobacillus presentes nos leites fermentados, que, quando ingeridos numa concentração correta, exercem efeitos benéficos na manutenção e diversificação da microbiota intestinal. Nas crianças, amamentação com leite materno é uma das principais fontes que auxiliam na composição da microbiota intestinal.

Referências:


- www.sciencedaily.com/releases/2017/06/170629134241.htm

- https://microbiomejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40168-017-0260-z

- http://aem.asm.org/content/early/2017/06/26/AEM.01097-17

- www.sciencedaily.com/releases/2016/11/161103141616.htm

- www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170717220613.htm

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Links para saber mais

     Descobertas recentes começam a esclarecer a base genética do comportamento dos animais na natureza com relação à socialização. Cientistas viram que encontros, mesmo que curtos, com um invasor faz com que aconteça uma cascata de mudanças na atividade gênica no cérebro de pequenos peixinhos da família Gasterosteidae que pode durar por até duas horas. Os cientistas analisaram a expressão gênica em regiões do cérebro desses animais após eles ficarem por 5 minutos com outro peixe no tanque. Esses peixinhos são territorialistas e os pesquisadores acreditam que as mudanças que aconteceram no DNA, que envolviam genes que contribuem com imunidade, secreção de hormônios, metabolismo e homeostase, seriam modificações para facilitar a resposta do animal em eventos futuros.

Fonte: www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170717110440.htm
Artigo: http://journals.plos.org/plosgenetics/article?id=10.1371/journal.pgen.1006840#sec007

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Links para saber mais


Cientistas do National Institute of Mental Health implantaram uma sequência correspondente a um pequeno vídeo no genoma de bactérias utilizando Crispr. Após sequenciar o genoma da bactéria, foi possível rodar o vídeo. É a primeira vez que cientistas são capazes de armazenar – e recuperar – um vídeo em DNA de células vivas.
Os pesquisadores responsáveis planejam usar a técnica para registrar a história molecular do cérebro durante o desenvolvimento. Dessa maneira, os pesquisadores poderão ter os registros de eventos moleculares, como a mudança de expressão gênica ao longo do tempo, através do sequenciamento do genoma dessas células.

Assista ao vídeo:






Fonte:https://www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170712145623.htm






terça-feira, 25 de julho de 2017

O dilema Crispr: é bom ou não é?

     Eu já falei sobre as vantagens da técnica Crispr-Cas9 (se você não leu, leia AQUI) e também já falei sobre as desvantagens (se você não leu, leia AQUI). Agora temos mais um capítulo nessa história que está parecendo novela mexicana. Cientistas estão dizendo que o paper que mostra as desvantagens da técnica, alegando que ela causa mais mutações que o esperado, teve várias falhas de execução.
     
     Para clarear sua memória, aqui vai um resumo dos fatos:
1- Cientistas descobriram a técnica Crispr-Cas 9 e ela passou a ser amplamente utilizada pois era uma técnica de edição de genes mais segura e mais barata que as outras existentes.
2- Cientistas foram capazes de utilizar essa técnica em diversos tratamentos contra câncer, cegueira, etc e ela se tornou a nova promessa da medicina genética.
3- Começam os estudos clínicos em seres humanos utilizando a Crispr-Cas 9 para edição de genes em portadores de câncer de pulmão.
4- Cientistas publicam um artigo na revista Nature comparando o genoma completo de duas cobaias: uma que recebeu o tratamento com Crispr-Cas 9 e outra controle. Segundo os resultados do paper, a cobaia que recebeu o tratamento com Crispr-Cas 9 teve uma série de mutações do tipo SNP. Eles alegaram que não foi notado nenhum defeito fisiológico no animal, mas alertaram para o uso da técnica indiscriminadamente.
5- Um outro grupo de cientistas pontuou uma série de falhas no paper da Nature. Eles estão exigindo que a revista e os pesquisadores responsáveis pelo artigo se retratem, pois as informações não estariam corretas. Segundo esse grupo de cientistas, o artigo que fala das mutações causadas pela Crispr-Cas 9 prejudicaria diversas outras pesquisas importantes que utilizam essa técnica.

     Até agora os cientistas responsáveis pelo artigo da Nature não se manifestaram, mas a revista já escreveu um alerta na página de download do artigo dizendo que está avaliando as críticas e que, assim que o corpo editorial tiver uma conclusão, esta será devidamente informada.

     Quem acompanha as informações e reportagens que saem sobre a Crispr-Cas 9 sabe que esta não é a primeira "briga" envolvendo essa técnica. Há um longo processo na justiça americana em que duas instituições estão brigando pela patente da nova técnica. A Broad Institute, que venceu a última batalha, ganhando o direito à patente, e a Universidade da Califórnia, que provavelmente irá recorrer da decisão.

     Nos resta acompanhar para não perder as cenas dos próximos capítulos.

Referências:
http://www.sciencealert.com/the-study-that-claimed-crispr-causes-unwanted-mutations-is-probably-wrong

http://www.biorxiv.org/content/early/2017/07/05/159707

O que é e como funciona a Crispr-Cas 9:  https://pingosdeciencia.blogspot.com.br/2016/10/crisprcas9.html

Possíveis efeitos colaterais:
https://pingosdeciencia.blogspot.com.br/2017/06/crisprcas-9-e-seus-efeitos-colaterais.html


segunda-feira, 24 de julho de 2017

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A zika é transmitida principalmente por picadas do mosquito Aedes aegypti, mas já se conhece alguns casos em que houve transmissão sexual. Pesquisas mostram que o esperma pode funcionar como um reservatório do vírus até meses após a infecção, aumentando as chances de propagação da doença. Agora cientistas estão testando uma vacina que protege os testículos e o esperma contra os danos causados pelo zika vírus e impede a propagação através da relação sexual. A vacina já passou da primeira fase de testes. Essa fase é testada em animais e mostra se a vacina é segura e eficaz contra o vírus. Segundo os resultados, 100% dos animais vacinados ficaram protegidos.

Fonte: www.sciencedaily.com/releases/2017/07/170711125706.htm


Quer saber mais sobre o combate da zika e dengue? Clique AQUI

sexta-feira, 21 de julho de 2017

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     A habilidade dos cães de se comunicar e interagir pacificamente com os humanos é uma das principais diferenças entre eles e seus parentes próximos, os lobos. Cientistas publicaram nessa semana um estudo que mostra que esse comportamento tem base genética. Além disso, a região do DNA responsável por esse comportamento nos cães é a mesma associada à Síndrome de Williams-Beurem nos humanos, que é responsável, entre outras coisas, por desencadear comportamentos extremamente sociáveis, entusiásticos e de grande sensibilidade.

Artigo: Bridgett M. vonHoldt et al. Structural variants in genes associated with human Williams-Beuren Syndrome underlie stereotypical hyper-sociability in domestic dogs. Science Advances, 2017 DOI: 10.1126/sciadv.1700398