quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Links para saber mais - Como o vírus da zika ataca o cérebro em desenvolvimento?

Já foi provado que o vírus da zika pode provocar uma série de problemas para o feto quando a mãe é infectada durante a gravidez. O que cientistas ainda não sabiam era como o vírus se espalhava e quais células do feto ele infectava. A colaboração de pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de São Paulo foi fundamental para responder essa dúvida.

Os cientistas descobriram que o início da infecção se dá em células chamadas micróglias durante a embriogênese. As micróglias são células responsáveis pela defesa do sistema nervoso central removendo células danificadas e agentes infecciosos e são originadas no saco vitelínico. Através do cultivo dessas células, eles descobriram que as micróglias expostas ao vírus da zika agem como macrófagos englobando o vírus. Até ai tudo certo, já que esse é o seu trabalho. O problema acontece quando essas micróglias entram em contato com outras células que vão dar origem ao sistema nervoso central durante a embriogênese. Quando acontece esse contato com células não infectadas, as micróglias passam o vírus adiante infectando células que vão formar o sistema nervoso central. A infecção dessas células vai acabar gerando uma série de problemas neurológicos, incluindo a microcefalia.
Células da micróglia (verde) sendo infectadas pelo vírus da Zika (azul). Crédito da imagem: Universidade da Califórnia. 

Outro resultado do estudo foi que os cientistas testaram se uma droga antiviral utilizada para tratamento de hepatite C tinha efeito sobre a multiplicação e poder de infecção do vírus da zika nessas células responsáveis pela formação do sistema nervoso central. A droga chamada Sofosbuvir (comercializada com o nome Sofaldi®) foi capaz de impedir a morte celular de células infectadas e diminuir a carga viral no embrião. Esses testes foram feitos in vitro, ou seja, em cultura celular e não em seres vivos. Ainda é necessário investigar se esses efeitos se repetem em animais, mas os pesquisadores estão otimistas quanto aos resultados.

Esses resultados são muito importantes, principalmente no Brasil que enfrentou a maior epidemia de vírus da zika. Somente no início deste ano foi visto uma pequena queda nos números de pessoas infectadas, mas ainda há muito trabalho pela frente. Milhares de pessoas, principalmente mulheres e crianças, sofreram um impacto muito grande por conta dessa infecção. É sempre bom lembrar que todos nós podemos ter um papel na diminuição e erradicação do vírus e do mosquito transmissor não deixando água parada. Prevenir é sempre o melhor remédio.

Quer saber mais sobre zika? Veja os links aqui do blog:

Estratégias para redução de epidemias causadas por insetos- Zika e Dengue em foco.


Pinar Mesci, Angela Macia, Christopher N LaRock, Leon Tejwani, Isabella R Fernandes, Nicole A Suarez, Paolo M de A Zanotto, Patricia C B Beltrão-Braga, Victor Nizet, Alysson R Muotri. Modeling neuro-immune interactions during Zika virus infection. Human Molecular Genetics, 2017; DOI: 10.1093/hmg/ddx382.

Atualização dos dados epidemiológicos da Zika. Organização Pan-Americana de Saúde e Organização Mundial de Saúde.

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