Cientistas afirmam que esse fenômeno foi causado pelo Tsunami que atingiu o Japão em 2011. Por causa do terremoto e tsunami, desde objetos pequenos como pedaços de plástico até grandes como barcos e docas inteiras foram sugadas mar a dentro e, com eles, levaram uma série de espécies que utilizavam esses objetos como abrigo. Pesquisadores do Instituto Smithsonian, Instituto de Biologia Marinha de Oregon e Universidade Estadual da Pensilvânia dizem que isso já era esperado, mas o que é realmente surpreendente foi que alguns desses animais sobreviveram à enorme viagem transoceânica e foram parar na outra costa do Pacífico. Desde 2012 os pesquisadores começaram a encontrar objetos e animais vivos presos a eles. No período do estudo, 2012 a 2017, foram encontradas mais de 289 espécies vivas em destroços como boias, caixas e embarcações. Os pesquisadores acreditam que este número ainda é pequeno, pois mesmo após o término do período de estudo, mais espécies continuam chegando com vida.
Moluscos, como mexilhões, é o grupo de animais encontrado mais frequentemente. Vermes, hidras (parentes das águas-vivas), crustáceos e ectoproctas (animais coloniais, filtradores e sésseis) também vem em números consideráveis. Aproximadamente dois terços das espécies encontradas nunca foram vistas na costa dos EUA e nem se podia imaginar que sobreviveriam a uma viagem dessa magnitude. Uma das hipóteses é que os objetos que carregavam esses animais viajavam em velocidade muito pequena (1 a 2 nós – o que equivale a 1,8 a 3,7 Km/h) dando tempo para essas espécies se adaptarem às diferenças ambientais e se reproduzirem. A baixa velocidade também ajudava as novas larvas a se fixarem no substrato e não ficarem perdidas no meio do oceano. Outra ponto que ajudou (mas não é necessariamente positivo) foi o fato de que a maioria dos objetos que levavam animais era feito de plástico, logo não se decompôs. Até agora nenhuma das espécies novatas conseguiu colonizar a costa dos EUA, mas não significa que isso não poderá acontecer no futuro.
Essas descobertas são realmente interessantes, mas há de se considerar as consequências disso. Por exemplo, se algumas das espécies conseguir colonizar a costa pode gerar prejuízos para espécies nativas e para todo o ecossistema local. Além disso, os cientistas alertam que toda essa viagem só foi possível graças aos materiais não bio-degradáveis jogados nos oceanos pelo tsunami ou por ação humana. A quantidade de plásticos e outros materiais perigosos jogados ao mar tende a aumentar nos próximos anos, assim como a quantidade de furacões e tsunamis (por conta do aquecimento global). Quem sabe que desequilíbrio ecológico isso ainda pode trazer.
Quer saber mais sobre o problema dos plásticos jogados no oceanos? Eu escrevi um texto sobre isso. Se você não leu, clique aqui.
Referências:
Tsunami enabled hundreds of aquatic species to raft across Pacific: Biologists detect longest transoceanic rafting voyage for coastal species. ScienceDaily.
James T. Carlton, John W. Chapman, Jonathan B. Geller, Jessica A. Miller, Deborah A. Carlton, Megan I. Mcculler, Nancy C. Treneman, Brian P. Steves, Gregory M. Ruiz. Tsunami-driven rafting: Transoceanic species dispersal and implications for marine biogeography. Science, 2017; Vol. 357, Issue 6358, pp. 1402-1406 DOI: 10.1126/science.aao1498
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