Como eu mostrei aqui no blog semana passada,
a cafeína pode ser considerada uma droga mais perigosa que a maconha, por exemplo. Por conta disso, o café, principal fonte de cafeína da população (temos outras fontes como a erva mate e os drinks energéticos, por exemplo) foi, muitas vezes, considerado um vilão para a saúde. A questão é que quem gosta de café, gosta muito e é sabido que cientistas são movidos a café (quem aqui já trabalhou em um laboratório sem cafeteira?), por isso, é claro que pesquisadores não iriam poupar esforços para mostrar que o café não é tão ruim assim. Muito pelo contrário.
Num texto de agosto, eu mostro uma pesquisa com mais de 16 mil pessoas que chegou a conclusão que beber café diminui o risco de morte por doenças cardíacas, câncer, derrame, diabetes e doenças nos rins. O estudo, inclusive, mostrou que com cafeína ou sem, o café tinha os mesmos efeitos benéficos na população. Como se isso não bastasse, um grupo de pesquisadores da Dinamarca focou seus estudos especificamente no uso de substâncias derivadas do café para o combate e prevenção de diabetes tipo II.
Em 2015, esse grupo, liderado pelo pesquisador Søren Gregersen, avaliou os efeitos de cafestol e ácido caféico em culturas celulares. Ambas as substâncias conseguiram aumentar a liberação de insulina pelas células quando glicose era adiciona ao meio. Além disso, o cafestol aumentava a capacidade de absorção de insulina em células musculares na mesma medida que drogas antidiabéticas. Agora, em 2017, o mesmo grupo publicou um artigo mostrando os resultados do cafestol in vivo. Eles avaliaram o efeito do cafestol em cobaias com alta probabilidade de desenvolver diabetes tipo II. O que eles viram foi que o grupo de ratos tratados com cafestol por 10 semanas tinha baixos níveis glicose no sangue e maior capacidade de secreção de insulina quando comparado ao grupo controle. Outra vantagem foi que o cafestol não causou hipoglicemia (glicose baixa no sangue), o que é um efeito colateral da maioria das drogas utilizadas para o combate de diabetes.
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Fonte: Fredrik Brustad Mellbye et al., 2017. |
A intenção dos pesquisadores é produzir uma droga capaz de tratar e talvez prevenir a diabetes tipo II. Enquanto isso, podemos continuar tomando nossa dose diária e deliciosa de café e absorvendo todos os seus benefícios. Sem exageros!
Referências:
Coffee compounds that could help prevent type 2 diabetes identified. Science Daily.
Substance in coffee delays onset of diabetes in laboratory mice. Science Daily.
Fredrik Brustad Mellbye, Per Bendix Jeppesen, Kjeld Hermansen, Søren Gregersen.
Cafestol, a Bioactive Substance in Coffee, Stimulates Insulin Secretion and Increases Glucose Uptake in Muscle Cells: Studies in Vitro. Journal of Natural Products, 2015; 78 (10): 2447 DOI: 10.1021/acs.jnatprod.5b00481
Fredrik Brustad Mellbye, Per Bendix Jeppesen, Pedram Shokouh, Christoffer Laustsen, Kjeld Hermansen, Søren Gregersen.
Cafestol, a Bioactive Substance in Coffee, Has Antidiabetic Properties in KKAy Mice. Journal of Natural Products, 2017; 80 (8): 2353 DOI: 10.1021/acs.jnatprod.7b00395
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