sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Links para saber mais - Pandas

Eu já falei aqui no blog que uma das maiores causas de extinção de mamíferos é a fragmentação dos seus habitats, segundo um estudo publicado esse ano na PNAS (se você não leu o texto, clique aqui). Por conta disso, pesquisadores decidiram avaliar a evolução do habitat do panda, que recentemente teve seu status alterado pela IUCN (de ameaçado de extinção para vulnerável). O que os pesquisadores viram foi que, de 1976 até 2001, a área utilizada pelos pandas decresceu 5%, tendo aumentado um pouco entre 2001 e 2013. Já o tamanho médio dos fragmentos de florestas diminuiu 23% até 2001 e aumentou irrisoriamente desde então.

O motivo pelo qual tanto as áreas dos fragmentos, quanto o tamanho da área geral aumentou é em razão de algumas estratégias para conservação do habitat como, por exemplo, o estabelecimento de reservas naturais, o banimento de propagandas em áreas de florestas e educação ambiental dos residentes próximos às áreas. Apesar disso, segundo um dos autores do estudo, uma das maiores modificações da região foi o aumento de quase três vezes o número de estradas desde 1976. Estradas são um dos fatores mais impactantes na fragmentação de habitats (como você pode ver em outro texto que eu escrevi aqui no blog). Por conta desses resultados, os pesquisadores sugerem criar corredores ecológicos para a movimentação dos animais. É importante ressaltar que, por conta dos esforços de preservação do habitat do panda, outras espécies ameaçadas se beneficiaram, como por exemplo algumas espécies de primatas e outras espécies de ursos. Preservar os habitats, mesmo que focando numa espécie, ajuda o ecossistema de uma forma geral.

Referências:

Weihua Xu, Andrés Viña, Lingqiao Kong, Stuart L. Pimm, Jingjing Zhang, Wu Yang, Yi Xiao, Lu Zhang, Xiaodong Chen, Jianguo Liu, Zhiyun Ouyang. Reassessing the conservation status of the giant panda using remote sensing. Nature Ecology & Evolution, 2017; DOI: 10.1038/s41559-017-0317-1.

Panda habitat shrinking, becoming more fragmented: Modern GIS technologies could improve our assessment of the species' extinction risks. ScienceDaily.

Pandas, which are basically giant poop machines, may inadvertently help save other species. Popular Science.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Links para saber mais - o perigo dos plásticos nos oceanos

Plásticos são um problema ambiental sério. Quando falamos nos plásticos que acabam nos oceanos o problema se agrava ainda mais. Todo mundo já deve ter visto alguma foto com uma tartaruga presa com plásticos de engradado de latinhas ou fotos com estômagos de aves marinhas, peixes e até baleias cheios de lixo plástico. Mas o problema vai mais além. Não são somente os grandes plásticos (sacolas, garrafas pet, etc) que causam prejuízos. Os microplásticos e nanoplásticos também geram estragos que a ciência começou a avaliar recentemente.

Fonte: Missouri Department of Conservation.
No início de setembro foi publicado um artigo na Scientific Reports que descobriu que nanoplásticos estão causando danos neurológicos em peixes (e talvez em outros animais marinhos). Por conta do tamanho, de 20nm a 70nm, esses nanoplásticos são ingeridos pelo zooplâncton que, por sua vez, são ingeridos por animais maiores. Uma vez na corrente sanguínea de peixes, especificamente a espécie Carassius carassius que foi estudada, eles conseguem ultrapassar a barreira hemato-encefálica e se acumulam no cérebro dos peixes. Isso descoberto, os pesquisadores focaram em desvendar quais os prejuízos causados pelo acúmulo desses plásticos no tecido cerebral. Para isso, eles conduziram experimentos comportamentais e viram que os peixes com acúmulo de plástico no cérebro comiam mais devagar e exploravam menos o habitat a redor. Esse comportamento pode comprometer a sobrevivência do animal na natureza.

Outro resultado foi a ocorrência de morte do zooplâncton que come esse material. A maneira a qual os nanoplásticos levam o zooplâncton á morte ainda é um mistério. De maneira geral, a conclusão do estudo é que os nanoplásticos podem causar uma série de prejuízos no ecossistema, pois afetam vários níveis da cadeia alimentar.
Mortalidade de zooplâncton após a exposição a nanoplásticos. O gráfico mostra o número de organismos vivos entre 0 e 24 horas após a exposição desses organismos a diferentes concentrações de nanopartículas de poliestireno. Fonte: artigo original.
Referências:
Karin Mattsson, Elyse V. Johnson, Anders Malmendal, Sara Linse, Lars-Anders Hansson, Tommy Cedervall. Brain damage and behavioural disorders in fish induced by plastic nanoparticles delivered through the food chain. Scientific Reports, 2017; 7 (1) DOI: 10.1038/s41598-017-10813-0.

Brain damage in fish from plastic nanoparticles in water. ScienceDaily.

Para saber mais sobre estragos causados por plásticos nos oceanos:

-Dia Mundial dos Oceanos: 7 motivos pelos quais o oceano está em perigo! Cientistas Feministas.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Links para saber mais - Abuso infantil e o desenvolvimento do cérebro

Um grupo de pesquisadores do Canadá conseguiu associar problemas no desenvolvimento neurológico com abusos sofridos durante a infância. Abuso infantil é um problema de saúde pública que afeta de 5% a 15% das crianças ocidentais. Evidências clínicas e epidemiológicas mostram que problemas na infância aumentam o risco de vida, estresse relacionado a problemas psiquiátricos, depressão, suicídio, entre outros. Apesar disso, até agora não existiam estudos que avaliassem características celulares, epigenéticas ou morfológicas de cérebros de pessoas que sofreram abusos na infância.

O estudo, publicado no periódico The American Journal of Psychiatry em julho deste ano, analisou, entre outras coisas, a mielinização (revestimento de células nervosas que faz com que os sinais elétricos no cérebro sejam conduzidos de maneira mais eficiente) de três grupos de indivíduos. Importante ressaltar que a análise ocorreu no cérebro de indivíduos que já haviam morrido. Os três grupos eram (1) pessoas que cometeram suicídio e tinham sofrido abuso infantil, (2) pessoas que cometeram suicídio, mas não tinham relatos de abuso e (3) pessoas que morreram de outras causas que não suicídio e não tinham relato de abuso infantil.

O que os pesquisadores descobriram foi que a camada de mielina era significativamente reduzida somente nas pessoas com histórico de abuso infantil. Eles também viram alterações moleculares que afetavam células responsáveis pela geração e manutenção da mielina. Além disso, foi visto um aumento no diâmetro de alguns axônios. A conclusão é que essas alterações, juntas, possam ser responsáveis por uma falha de conexão entre estruturas como a amígdala e o núcleo accumbens (áreas do cérebro ligadas à regulação emocional e à recompensa e satisfação) e, dessa maneira, contribuir para uma alteração no processamento de emoções em pessoas que sofreram abusos durante a infância. Agora os pesquisadores pretendem descobrir onde, no cérebro, quando, durante o desenvolvimento, e como, a nível molecular, esses efeitos são suficientes para causar impacto na regulação das emoções.

Depois desse texto, achei importante deixar telefones para denúncia em caso de abuso infantil:
Disque Criança: 0800 2829996
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República: 100
Disque-Denúncia: 2253 1177


Referências:
Pierre-Eric Lutz, Arnaud Tanti, Alicja Gasecka, Sarah Barnett-Burns, John J. Kim, Yi Zhou, Gang G. Chen, Marina Wakid, Meghan Shaw, Daniel Almeida, Marc-Aurele Chay, Jennie Yang, Vanessa Larivière, Marie-Noël M’Boutchou, Léon C. van Kempen, Volodymyr Yerko, Josée Prud’homme, Maria Antonietta Davoli, Kathryn Vaillancourt, Jean-François Théroux, Alexandre Bramoullé, Tie-Yuan Zhang, Michael J. Meaney, Carl Ernst, Daniel Côté, Naguib Mechawar, Gustavo Turecki. Association of a History of Child Abuse With Impaired Myelination in the Anterior Cingulate Cortex: Convergent Epigenetic, Transcriptional, and Morphological Evidence. American Journal of Psychiatry, 2017; appi.ajp.2017.1 DOI: 10.1176/appi.ajp.2017.161112.

Child abuse affects brain wiring: Impaired neural connections may explain profound and long-lasting effects of traumatic experiences during childhood. ScienceDaily.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Links para saber mais - desenvolvimento dos Neandertais

Em uma caverna localizada no norte da Espanha foi descoberto, e 1994, a maior coleção de ossos de Neandertais da Península Ibérica. Entre os 13 indivíduos recuperados na caverna, um deles, um menino de sete anos, foi o protagonista de um estudo que avaliou as diferenças e semelhanças no desenvolvimento de Neandertais e humanos modernos.

Através de um esqueleto composto de 138 peças, os pesquisadores conseguiram determinar uma série de características ligadas ao desenvolvimento infantil e outros aspectos. O esqueleto, nomeado El Sidrón J1, tinha 7 anos e sete meses quando morreu, pesava 26 kilos e tinha 111 centímetros de altura. A análise dos caninos e da robustez dos ossos mostrou que o indivíduo era do sexo masculino. Também foi possível identificar que El Sidrón J1 era destro e já desempenhava algumas tarefas de adultos. Ele tinha hipoplasia do esmalte dentário (falha na mineralização do esmalte do dente) causado por má nutrição ou alguma doença. Entre os outros 13 indivíduos do grupo estavam a sua mãe e um irmão mais novo.

Esqueleto recuperado do indivíduo nomeado El Sidrón J1 na caverna de El Sidrón, Espanha. Fonte: artigo original.
Os cientistas viram somente duas diferenças no desenvolvimento infantil de El Sibrón J1 comparado com os humanos modernos: a maturação da coluna vertebral, principalmente das vértebras torácicas, e o total desenvolvimento da caixa craniana e consequentemente do cérebro. O indivíduo analisado estava com aproximadamente 87% da caixa craniana desenvolvida, ao passo que, na mesma idade, humanos modernos já possuem 100% de desenvolvimento. Talvez isso seja consequência do volume cerebral maior em Neandertais (1,520 centímetros cúbicos) comparado com Homo sapiens (1,195 centímetros cúbicos). O menor desenvolvimento das vértebras torácicas pode estar ligado à economia de energia, já que o cérebro “suga” uma grande parte da energia para o seu desenvolvimento. Com um cérebro menor, os humanos atuais podem atingir o desenvolvimento mais rapidamente.

O artigo completo está disponível para download no site da revista Science através desse link.

Referências:
Reconstructing how Neanderthals grew, based on an El Sidrón child: Neanderthal growth rate is very similar to that of Homo sapiens. ScienceDaily.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sua dieta não funciona? A resposta pode estar no seu intestino.

No dia mundial de começar a dieta, segunda-feira, eu trago os resultados de uma pesquisa que indica o porquê da perda de peso nem sempre ocorrer da maneira que desejamos e porque isso não é nossa sua culpa. Além disso, esse estudo, a meu ver, abre um precedente para começarmos a prestar mais atenção à individualidade quando queremos fazer uma dieta eficiente, seja para perda de peso, seja para ficarmos mais saudáveis. Isso serve para acabar de vez com aquela crença de que a dieta de revista funciona para todos e se você não perdeu peso mesmo passando fome e se alimentando de folhas por duas semanas a culpa é sua. Acaba com a crença de que se a dieta da musa fitness do Instagram funcionou pra ela, vai funcionar pra você também, é só você se esforçar e nunca mais comer farinha branca ou batata frita na vida!

Então vamos à pesquisa. Os cientistas analisaram a microbiota intestinal (bactérias que povoam nosso intestino) e descobriram que a prevalência de uma ou outra espécie de bactéria indicava se a pessoa perdia mais ou menos peso com as duas dietas testadas.

Vamos fazer um P.S. para as dietas e falar um pouquinho sobre uma delas. Quando eu digo dieta, eu não quero dizer necessariamente dieta de restrição calórica para perda de peso. Dieta são as características alimentares do indivíduo. Uma das dietas testadas foi a “New Nordic Diet” (Nova dieta nórdica). Essa dieta é o resultado de uma reunião de profissionais em alimentação e chefs que aconteceu em 2004 em Copenhagen. O intuito dessa reunião era definir a nova cozinha regional, que, em contraste com os hábitos alimentares tradicionais, seria mais saudável. Basicamente a dieta foca na sustentabilidade e sazonalidade dos alimentos, evitando assim aditivos químicos e minimizando o desperdício. Segundo especialistas, essa dieta é muito parecida com a dieta mediterrânea, com exceção de alguns alimentos que refletem o clima da região, tipo de solo e disponibilidade de água para a produção. Basicamente você come o que sua região é capaz de produzir e, dessa maneira, você se alimenta de acordo com o clima e as atividades aos quais você está exposto. Parece uma coisa lógica, e de fato é, mas não é o que fazemos hoje em dia. Pense no Brasil, por exemplo, que é um país enorme com uma variedade de climas diferentes. A dieta que se segue no sul que é mais frio (pelo menos em alguns períodos do ano) não deveria ser a mesma dieta do norte. Não parece muito saudável aguentar um inverno frio no sul comendo salada e muito menos aguentar o calor do norte ou nordeste se enchendo de carne e feijoada. Dito isso, voltamos à pesquisa.

As duas dietas testadas foram a New Nordic Diet e uma dieta normal dinamarquesa receitada pelos pesquisadores. As características de ambas estão sumarizadas na tabela abaixo.
Dieta

NND

ADD
Fibras

43.3 g/10MJ*

28.6 g/10MJ*
Proteínas

18.1%

16.4% 
Gorduras

30.4%

33.8%  
Carboidratos

46.4%

45.3% 
Tabela comparando as principais características da Nova Dieta Nórdica (NND) e a dieta dinamarquesa regular (ADD). As quantidades de fibras, proteínas e gorduras são estatisticamente diferentes entre as duas dietas. *10MJ = 10 Mega Joules.

Os indivíduos foram divididos em dois grupos: um com alta prevalência da bactéria Prevotella spp. e outro com mais Bacteroides spp. Cada um desses grupos foi dividido novamente, sendo que uma parte recebeu a dieta nórdica e outra a dieta dinamarquesa. Eles aplicaram a dieta aos indivíduos pesquisados por 26 semanas. No final desse período, os resultados indicaram que os indivíduos com alta porcentagem de Prevotella spp. perderam mais que o dobro de gordura corporal em relação aos indivíduos com alta porcentagem de Bacteroides spp. seguindo a Nova Dieta Nórdica. Além disso, a diminuição da circunferência abdominal e a perda de peso também foram significativamente maiores nos indivíduos com alta porcentagem de Prevotella spp. seguindo a Nova Dieta Nórdica. Os pesquisadores ainda continuaram monitorando os indivíduos por um ano durante o qual foi recomendado que todos seguissem a Nova Dieta Nórdica. No final desse período os resultados indicaram que os indivíduos com mais Prevotella spp. mantiveram seu peso, enquanto os indivíduos com mais Bacteroides spp. ganharam, em média, 2, 76Kg.
Os mecanismos envolvidos que possivelmente causaram essa diferença podem ser vários como capacidade de utilização das fibras, sinalização cérebro-intestino (o que causa diferenças no comportamento), secreção de hormônios gastrointestinais que regulam o apetite, entre outros. Em suma, os pesquisadores sugerem a análise da microbiota intestinal como um marcador para determinar a melhor dieta para um indivíduo. Talvez isso ainda demore a se tornar uma rotina, mas enquanto isso fuja de dietas mega restritivas (a menos que você tenha algum problema de saúde), procure aproveitar o que o seu ambiente te oferece e, caso você queira alterar seu peso, ganhar massa muscular, perder gordura, etc, procure um profissional sério e não aceite dietas de gaveta porque ninguém merece passar o resto da vida comendo queijo branco, alface, arroz integral e peito de frango. O segredo é o equilíbrio sem neurose.

Se você quiser saber mais sobre como o nosso corpo determina o que queremos comer, esse é um ótimo texto para começar: Até que ponto somos responsáveis por tudo o que escolhemos comer?

Referências:
M F Hjorth, H M Roager, T M Larsen, S K Poulsen, T R Licht, M I Bahl, Y Zohar, A Astrup. Pre-treatment microbial Prevotella-to-Bacteroides ratio, determines body fat loss success during a 6-month randomized controlled diet intervention. International Journal of Obesity, 2017; DOI: 10.1038/ijo.2017.220.

Your stools reveal whether you can lose weight. ScienceDaily.

The New Nordic Diet.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Links para saber mais - hábitos alimentares e sua pele

Você faz aquele lanchinho da madrugada? Acorda com fome e assalta a geladeira se deliciando com os restos da pizza do dia anterior? Você já sabe que esse não é um hábito muito saudável, mas o que você provavelmente não sabe é que esses lanchinhos podem causar danos á sua pele.

Um time de cientistas liderado pelo Dr. Joseph S. Takahashi (aquele que descobriu as bases genéticas do ciclo circadiano dos mamíferos) descobriu que hábitos anormais com relação aos horários de alimentação podem ter influencia em como sua pele se defende dos raios ultravioleta. Para comprovar essa afirmação, os cientistas avaliaram dois grupos de ratos – um alimentado somente durante o dia e o outro alimentado somente durante a noite. Os ratos alimentados durante o dia (considere que o rato é um animal de hábitos noturnos) tiveram mais dano à pele quando expostos a raios ultravioleta B (UVB). Esse fenômeno aconteceu porque uma das enzimas responsáveis pelo reparo de dano por raios UV à pele (xeroderma pigmentoso grupo A – XPA) estava menos ativa durante o dia. Para entender melhor, considere que ratos tem hábitos noturnos, ou seja, eles se alimentam a noite. À noite não tem necessidade de grandes quantidades de expressão de enzimas que protejam de raios UVB. Então, de alguma maneira, o corpo relaciona essas duas informações. Com a mudança nos hábitos de alimentação dos ratos, o corpo altera também a expressão das enzimas de proteção da pele. Além da XPA, os cientistas viram que, pelo menos 10% de genes relacionados à pele alteram o ciclo de expressão com a mudança nos horários de alimentação.

Ainda é muito cedo para dizer se esse tipo de fenômeno acontece no ser humano também, mas outros estudos do mesmo grupo relacionam o horário de alimentação com diversas outras questões como perda de peso, por exemplo. Então, não custa nada melhorar os hábitos alimentares desde já.

Referências:
Eating habits affect skin's protection against sun. ScienceDaily.

Hong Wang, Elyse van Spyk, Qiang Liu, Mikhail Geyfman, Michael L. Salmans, Vivek Kumar, Alexander Ihler, Ning Li, Joseph S. Takahashi, Bogi Andersen. Time-Restricted Feeding Shifts the Skin Circadian Clock and Alters UVB-Induced DNA Damage. Cell Reports, 2017; 20 (5): 1061 DOI: 10.1016/j.celrep.2017.07.022

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Links para saber mais - dieta e microbiota

Eu já escrevi alguns textos sobre a importância e influencia que as bactérias que vivem no nosso intestino tem na nossa saúde (Se você não leu, clique aqui e aqui). A análise da flora intestinal tem trazido informações a respeito de diversas doenças e sobre como a nossa relação com essas bactérias influencia no desenvolvimento do nosso cérebro ou no aparecimento de alergias, por exemplo. Mas como mudamos a nossa microbiota e o que podemos fazer para mantê-la saudável? A resposta provável para essas perguntas está na nossa alimentação.

Com isso em mente, cientistas do Centro Médico da Universidade de Stanford resolveram avaliar se (1) a mudança na alimentação, altera realmente a nossa flora intestinal? e (2) como a nossa microbiota está se comportando com a mudança drástica na nossa alimentação nos dias de hoje (com o aumento de produtos industrializados)? Para responder essas perguntas, os pesquisadores avaliaram uma população de caçadores-coletores da Tanzânia chamados Hadza. Os Hadza possuem poucos itens alimentícios e eles variam de acordo com a estação (já que não é possível armazenar e obviamente eles não frequentam supermercados). Basicamente os itens disponíveis são carne, frutas de uma árvore chamada baobá e tubérculos na estação seca e frutas do tipo baga (berries), tubérculos, baobá e mel na estação chuvosa.

http://edition.cnn.com/2017/07/05/health/hunter-gatherer-diet-tanzania-the-conversation/index.html
O que os cientistas viram foi que a microbiota dos Hadza variou sazonalmente, de acordo com o tipo de alimentação. Particularmente, algumas espécies de bactérias diminuíam na estação chuvosa quando o mel era a principal fonte calórica e aumentavam na estação seca quando havia um pico no consumo de tubérculos que são ricos em fibras.

Outro fato interessante é que essas espécies de bactérias que diminuíam substancialmente na estação chuvosa (quando tinha pouco aporte de fibras) são as mesmas espécies encontradas em outras populações de caçadores-coletores em lugares distantes como África e América do Sul e ausentes no intestino da maioria das populações que vivem em grandes cidades. Estamos perdendo esse grupo de bactérias da nossa microbiota intestinal (ou já perdemos)? Qual a importância delas para a nossa saúde? São perguntas que vão ficar para um próximo estudo.

Referências:

Hunter-gatherers' seasonal gut-microbe diversity loss echoes our permanent one. ScienceDaily.

Samuel A. Smits, Jeff Leach, Erica D. Sonnenburg, Carlos G. Gonzalez, Joshua S. Lichtman, Gregor Reid, Rob Knight, Alphaxard Manjurano, John Changalucha, Joshua E. Elias, Maria Gloria Dominguez-Bello, Justin L. Sonnenburg. Seasonal cycling in the gut microbiome of the Hadza hunter-gatherers of Tanzania. Science, Vol. 357, Issue 6353, pp. 802-806 DOI: 10.1126/science.aan4834.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Links para saber mais - Alergia e sujeira

Hoje em dia cada vez mais as crianças estão vivendo dentro de uma bolha, isoladas dentro de casa, brincando no quarto, jogando vídeo-game, tendo a sua disposição um arsenal de limpeza e desinfecção. São potes e mais potes de álcool gel, sabonetes bactericidas, lencinhos umedecidos e mais um monte de parafernalha que promete manter as crianças limpas, cheirosas e saudáveis. Limpas e cheirosas elas com certeza ficam, mas saudáveis? Será?
Já dizia a propaganda de sabão em pó: “se sujar faz bem!” e agora essa máxima foi confirmada por uma pesquisa que relacionou o ambiente no qual mais de 400 crianças viveram por sete anos com o risco de desenvolvimento de asma na infância. Os resultados indicaram que quanto mais altas as concentrações de alérgenos de baratas, ratos e gatos no ambiente nos primeiros três anos da criança, menor era a chance dessa criança desenvolver asma. Calma, não estou falando para você abandonar seus hábitos de higiene e limpeza e passar a viver na imundície. Não é isso. Mas, na minha opinião, o que se pode aprender com esses resultados é que brincar na areia do parquinho, se sujar de barro ou ganhar umas lambidas do animal de estimação não é o fim do mundo. Talvez não seja saudável limpar toda e qualquer sujeira que entre embaixo das unhas imediatamente. É importante ensinar às crianças hábitos de higiene, assim como também é importante que, se possível, elas possam subir em árvores a comer a fruta direto do pé, sem lavar; é importante jogar futebol com os amigos e sair com a cara toda empoeirada e suja de grama; é importante deixar eles dormirem com o bichinho de estimação que eles tanto gostam.
http://blog.ebrink.com.br/mitos-sobre-alergia-de-animais-em-criancas/
Outros resultados importantes do mesmo artigo relacionam a concentração de cotinina (um derivado da nicotina) no cordão umbilical, stress e depressão materna com o aumento do risco de desenvolvimento de asma na primeira infância. Os pesquisadores vão continuar acompanhando esse grupo de crianças com o intuito de descobrir mais fatores que possam estar associados ao desenvolvimento de doenças alérgicas.

Referências:
Exposure to Pet and Pest Allergens During Infancy Linked to Reduced Asthma Risk. National Institute of Allergy and Infections Diseases.

O'Connor et al. Early-life home environment and risk of asthma among inner-city children (2017). Journal of Allergy and Clinical Immunology.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Seria a deextinção a saída para o problema de conservação de espécies?

Eu escrevo meus textos com base em minha opinião. Então quando eu coloco uma pergunta no título, eu mesma respondo (novamente, com base em minha opinião). Caso você não concorde, sinta-se livre para me questionar, afinal o que seria da ciência se não houvesse questionamentos. Isto posto, a resposta para a pergunta-título do texto dessa semana é NÃO. Agora deixa eu te explicar o que é deextinção. Deextinção é o processo de criação de um organismo já extinto ou um organismo semelhante a um extinto. Em bom português, significa que cientistas estão empenhados em trazer novamente à vida animais que já foram extintos. Mamutes, dodôs, lobos gigantes, mastodontes, castores gigantes, tigre da tasmânia, quiçá até dinossauros. Não, mentira, dinossauros não! Mas todos os outros, sim. Esses animais fazem parte de um grupo que chamamos de megafauna do Pleistoceno.
O Pleistoceno é um período geológico que vai de aproximadamente 2,5 milhões de anos atrás até 11 mil anos atrás. Nesse período houve uma série de mudanças climáticas e geológicas que moldaram a evolução das espécies que viviam na Terra durante esse tempo. Uma série de animais e plantas surgiram nesse período, assim como outros sucumbiram ao clima e as condições, muitas vezes, não favoráveis. Uma das muitas espécies que começaram a sua jornada no planeta terra nesse meio tempo foi o ser humano. Todos os gêneros de hominídeos marcaram presença no Pleistoceno. Foi uma época em que a evolução humana estava a pleno vapor. Nós crescíamos, multiplicávamos, viajávamos, explorávamos diversos ambientes e, por conta de toda essa atividade, precisávamos de muitos recursos e precisávamos nos proteger. Então, imagine você, no Pleistoceno, diante de uma verdadeira besta animal, gigante e feroz como um tigre dente de sabre! O que você faz? Mata. Você pode até não gostar, pode ser ativista da causa animal, pode não ter estômago pra isso, mas, naquela época, era matar ou morrer. Então você matava. O que aconteceu é que a gente, ou no caso, nossos ancestrais desalmados, matavam pra caramba. O resultado dessa matança foi que boa parte dessa megafauna foi extinta após a chegada dos seres humanos nesse planeta. Talvez, por conta dessa relação causa-efeito (surgimento do ser humano – extinção de várias espécies) você possa estar se sentindo meio culpado. E, talvez, alguns cientistas se sintam culpados. Para aliviar a culpa, eles estão bolando estratégias para trazer novamente espécies que já foram extintas. O modo de trazer essas espécies de novo é apelando para a genética. Então, basicamente, os cientistas sequenciariam o genoma de algumas dessas espécies (genoma esse conservado em fósseis) e com ajuda de métodos de edição e síntese de DNA poderiam recriar o genoma original, provavelmente, com a edição de um genoma atual de uma espécie semelhante. Por exemplo, você pode editar o genoma de um elefante até ele virar um mamute. Obviamente não é simples assim, mas pode acontecer. Outro método seria a clonagem utilizando uma célula do fóssil. Outra vez, seria preciso utilizar uma espécie semelhante para gerar o indivíduo.

Por conta dessa possibilidade de trazer um animal que viveu há milhares de anos de volta à vida, cientistas pensaram: “Se eu posso trazer um mamute que não existe mais há muito, muito tempo, porque eu não posso usar essa tecnologia para trazer um animal que acabou de ser extinto? Ou aumentar a população de animais que estão muito próximos da extinção?” Bom, poder, ele pode, mas, e agora começa a nossa discussão, isso resolveria o atual problema de conservação de espécies?

Antes de mais nada, é importante dizer que já estão sendo feitos esforços para trazer de volta à terra animais extintos há pouco tempo. É o caso dos auroques, uma espécie de boi selvagem, maior e mais indócil que os bois atuais. O último indivíduo que se teve notícia morreu em 1627. No caso dos auroques não há uso de ferramentas genéticas modernas. O que cientistas estão fazendo é cruzando indivíduos de bois atuais que tenham características de auroque como longas patas, maiores, mais atléticos, etc. O projeto TaurOs está em andamento e é uma parceria entre empresas privadas e universidades.
Raças de bois utilizadas para a criação de auroque. Fonte: DFoidl.
Outro projeto em andamento é o que pretende deextinguir o bucardo espanhol (uma espécie de cabra selvagem). Cientistas estão tentando clonar o animal, que foi extinto no ano 2000. De fato, em 2003, um indivíduo clonado nasceu, mas morreu momentos depois com problemas respiratórios. Um projeto mais ambicioso que envolve manipulações genéticas e intervenções reprodutivas é o que está tentando trazer à vida novamente o pombo-passageiro. Esse animal foi extinto por volta de 1900 e foi um caso marcante, pois a população estimada para a espécie era de 3 bilhões de indivíduos vivendo na América do Norte. Diversos relatos escritos falam sobre as épocas de migração desse pássaro, na qual o número de indivíduos sobrevoando uma área de uma só vez era tão grande que o céu escurecia. Apesar dos esforços, nenhuma pomba passageira foi gerada até agora.

A primeira pergunta que eu faço é: supondo que se tenha sucesso na empreitada de deextinguir uma espécie, o que se faz com ela? Segundo Crooks e colaboradores (2017), a extinção de habitats é a maior causa do declínio de mamíferos atualmente. Não é preciso ir muito longe para presenciar a extinção de habitats. É só lembrar da Mata Atlântica que, desde 1500, perdeu mais de 90% do território com o desmatamento e urbanização. Consequência dessa perda de habitat é a diminuição de populações de onças, macacos, jaguatiricas, tatus, tamanduás, etc. Então, se hoje, as espécies que ainda conseguem sobreviver tem de lutar pelo seu habitat natural, o que aconteceria se jogássemos uma população de mastodontes nessa equação, por exemplo? Além disso, recursos que, antes, podiam ser alocados em conservação de espécies que ainda não foram extintas provavelmente seriam deslocados para “novas-velhas” espécies. Afinal de contas, o esforço para trazê-las de volta foi tanto que não podemos deixar elas se extinguirem novamente. A extinção de novo é um ponto no qual Beth Shapiro, cientista envolvida com o sequenciamento do genoma do mamute, ressalta em seu livro “How to clone a Mammoth” (Como clonar um mamute) dizendo que, mesmo que a clonagem e a deextinção do mamute acontecesse, será que seria possível “fabricar” uma população que tivesse diversidade genética suficiente para sobreviver e evoluir? Na opinião dela, não. Lembre sempre que os animais extintos para os quais estão sendo feitos esforços de deextinção ou são enormes ou possuíam uma população enorme. Então, a alocação dessas espécies é uma questão complexa. Mas ai você pode dizer: “podemos deixar essas espécies em zoológicos!”. Nesse momento, eu respiro profundamente em busca de paciência e te pergunto: “será que somos tão, mas tão egoístas e malévolos ao ponto de dar vida a um animal única e exclusivamente para vê-lo atrás das grades servindo de entretenimento?” O pior é que eu acho que somos e isso me deixa triste.

O próximo ponto para reflexão é: sabemos que muitos desses animais foram extintos pela ação direta do homem. Com isso em mente, e supondo que consigamos “fabricar” uma população viável de algum dos animais da lista para deextinção, teríamos condições de não repetir as mesmas ações que levaram à primeira extinção? Antes de responder pense nos esforços que ainda precisam ser feitos para evitar a caça de animais ainda não extintos, mas ameaçados. Pense no comércio ilegal de algumas espécies que ameaçam dizimar populações. Agora responda, temos condições de evitar a extinção de novo? Se você respondeu sim, por favor, deixe seu argumento nos comentários, porque eu não creio que temos condições. Eu entendo que não somos mais a mesma sociedade que dizimou, com requintes de crueldade, populações inteiras de pombos passageiros por esporte. Nem somos os mesmos colonizadores que traziam milhares de soldados famintos para alimentar numa terra estrangeira onde uma ave grande, gorda e dócil chamada dodô vagava livremente praticamente pedindo para ser devorada. Não, hoje nós produzimos, plantamos, criamos e comercializamos nosso alimento. Somos uma sociedade com consciência ambiental.





Somos?





Como ficaria a nossa relação e preocupação com a conservação de uma espécie se fosse possível, com algum trabalho, trazê-la de volta da extinção? É mais fácil (e mais barato) conservar uma espécie e seu habitat ou utilizar técnicas de deextinção e guardar os espécimes no zoológico? E se, com a utilização de biotecnologia, pudéssemos criar populações modificadas a tal ponto que elas seriam inextinguíveis? O rinoceronte branco podia viver pra sempre no planeta e não teríamos mais o peso na consciência de ter acabado com mais uma espécie, mas ele viveria pra sempre sem a intervenção humana?

Bom, o fato é que, concordando ou não com a deextinção, projetos já estão em andamento e a própria IUCN (Union for Conservation of Nature) lançou um guia com uma série de regras para deextinção. O propósito do documento não é argumentar contra ou a favor do movimento de deextinção, mas somente ser um “guia de princípios” para ajudar a decidir quando e como a deextinção pode ser considerada com relação a conservação. Junto a isso, diversos ambientalistas estão começando a utilizar recursos de biotecnologia para ajudar no trabalho de conservação. Por exemplo, o grupo Island Conservation está utilizando técnicas genéticas com o intuito de erradicar populações de roedores introduzidos pela ação humana que ameaçam pássaros selvagens em ilhas. No Havai, pesquisadores estão avaliando se uma intervenção semelhante seria possível para conter um mosquito não nativo que transmite malária aos pássaros da região. E esses são só dois exemplos, ou seja, a deextinção é apenas uma das muitas possibilidades quando juntamos biotecnologia e conservação. A meu ver é uma péssima possibilidade. Enquanto não soubermos conviver com as espécies que estão aqui, agora, não temos condições de pensar em trazer de volta espécies que viveram há muitos anos atrás. Estamos enfrentando a sexta extinção em massa (Ceballos et al., 2017) e tudo leva a crer que ela está acontecendo pela modificação dos ambientes e do clima causados pelo nosso estilo de vida. Temos espécies que nem conhecemos se extinguindo nesse momento, enquanto você lê esse texto. Temos muito trabalho pela frente para tentar salvar a nossa própria espécie num mundo que nega o aquecimento global. Eu só não consigo enxergar um cenário em que trazer um mamute pra viver nesse mundo doido possa ser uma boa ideia. Se você consegue, me ajude.

Referências:

The Hastings Center. "Recreating the wild: De-extinction, technology, and the ethics of conservation." ScienceDaily.

Gregory E. Kaebnick, Bruce Jennings. De-extinction and Conservation. Hastings Center Report, 2017; 47: S2 DOI: 10.1002/hast.744.

Resurrecting the auroch: Scientists are breeding cattle that resemble the extinct beasts seen in ancient cave paintings. DailyMail.

TaurOs Programme.

Why the Passenger Pigeon Went Extinct

IUCN SSC Guiding Principles on Creating Proxies of Extinct Species for Conservation Benefit.

Gerardo Ceballosa, Paul R. Ehrlichb, and Rodolfo Dirzob. Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and declines (2017). PNAS; 114 (30): E6089 – E6096.

Kevin R. Crooks, Christopher L. Burdett, David M. Theobald, Sarah R. B. King, Moreno Di Marco, Carlo Rondinini, and Luigi Boitani. Quantification of habitat fragmentation reveals extinction risk in terrestrial mammals (2017). PNAS; 114 (29): 7635 – 7640.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Links para saber mais - Detetives de DNA

Muitas doenças causadas por falhas genéticas são conhecidas hoje em dia. Apesar disso, muitas vezes médicos e cientistas se deparam com casos em que o diagnóstico genético é difícil. Isso porque nós conhecemos somente 2% do nosso genoma, sendo a maior parte regiões codificadoras (genes propriamente ditos). Já se sabe que mutações que ocorrem em regiões não codificadoras também podem causar doenças (há alguns casos de câncer já documentados), mas detectar essas mutações é uma tarefa extremamente difícil.

Agora cientistas do Centro Médico da Universidade de Columbia estão trabalhando para deixar essa tarefa mais fácil. Eles criaram um método, chamado Orion, que consegue determinar regiões não codificantes do genoma que estão sob ação de seleção, ou seja, são regiões que apesar de não serem genes, são muito parecidas entre indivíduos. Isso significa que não ocorre muitas mutações nessas regiões e, por conta disso, elas provavelmente tem algum papel importante. Com essa ferramenta, somente algumas regiões do genoma são selecionadas e, assim, a busca por pedaços de DNA que estejam causando problemas é facilitada.


Orion ainda não está finalizado de acordo com os autores do estudo. Os pesquisadores dizem que ainda é necessário adicionar mais genomas (inclusive de outros organismos) à base de dados para aumentar a resolução dos resultados, mas eles esperam que a ferramenta seja muito útil em detectar a causa genética de diversas doenças que ainda permanece um mistério.


Referências:
New technique searches 'dark genome' for disease mutations: 'Orion' will help researchers identify disease-causing mutations in patients when current methods come up dry. ScienceDaily.

Ayal B. Gussow, Brett R. Copeland, Ryan S. Dhindsa, Quanli Wang, Slavé Petrovski, William H. Majoros, Andrew S. Allen, David B. Goldstein. Orion: Detecting regions of the human non-coding genome that are intolerant to variation using population genetics. PLOS ONE, 2017; 12 (8): e0181604 DOI: 10.1371/journal.pone.0181604

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Links para saber mais - Doença de Lafora

Doença de Lafora é uma forma severa de epilepsia que acomete, pelo menos, 50 crianças no mundo todo atualmente. Por ser uma doença tão rara, pouco se sabe e pouco se estuda sobre ela. Já se conhece pelo menos dois genes que podem ser responsáveis pela doença quando mutados. A epilepsia de Lafora acomete tanto humanos quanto cães e esses últimos estão dando uma força nas pesquisas a fim de conhecer melhor essa doença.

Uma associação entre pesquisadores do Hospital for Sick Children em Toronto e a Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Surrey, ambos no Canadá, está conseguindo desvendar sintomas iniciais da doença através da observação de cães com doença de Lafora. Essa forma de epilepsia é relativamente comum em animais da raça dachshund mini com pelo longo. Os resultados das observações dos animais, com o auxílio dos donos, ajudaram os pesquisadores a descobrir sinais clínicos e físicos do avanço da doença. Isso pode ajudar a moldar os tratamentos de acordo com os sintomas e melhorar a vida de quem sofre desse problema, humanos ou não.

Referências:
Collaboration between pet owners, vets and researchers helps dogs and children with a rare and severe epilepsy. ScienceDaily.

Lindsay Swain, Gill Key, Anna Tauro, Saija Ahonen, Peixiang Wang, Cameron Ackerley, Berge A. Minassian, Clare Rusbridge. Lafora disease in miniature Wirehaired Dachshunds. PLOS ONE, 2017; 12 (8): e0182024 DOI: 10.1371/journal.pone.0182024.

Cientistas identificam gene para a forma mais grave da epilepsia adolescente.

New Hope for Children With Epilepsy Thanks to Miniature Dachshunds.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Links para saber mais - Evolução das espécies

Junte peixes, anfíbios, mamíferos, cobras, tartarugas, lagartos, crocodilos e pássaros e você vai ter centenas de milhares de espécies funcional e morfologicamente distintas. Uma dessas espécies, inclusive, somos nós. O que todos tem em comum? Possuem vértebras e mandíbulas. Isso é o suficiente para agrupa-los na super classe chamada Gnatostomados. Por conta dessa diversidade imensa não é surpresa que as relações filogenéticas (quem é o ancestral de quem) entre eles pode ser bem bagunçada. Até agora!

Em julho desse ano cientistas publicaram um estudo na Nature Ecology and Evolution em que usaram o maior e mais informativo banco de dados filogenético para analisar as relações evolutivas desse grupo enorme. Como resultado, eles obtiveram uma árvore filogenética que resolveu muitas das dúvidas e controvérsias entre diversos grupos. Para construir essa imensa árvore que conta a história evolutiva de espécies tão distintas, os pesquisadores utilizaram mais de sete mil genes de 100 espécies e analisaram estatisticamente as diferenças no DNA de cada uma delas.
Árvore filogenética mostrando as relações evolutivas dos organismos estudados. Fonte: Irisarri et al., 2017.

Entre os resultados encontrados podemos citar a confirmação de que peixes pulmonados são os mais próximos aos tetrápodos (pode parecer lógico, mas ainda não se tinha uma confirmação sobre isso) e a clara associação entre tartarugas e os Archosauria (crocodilos e aves). Além disso, como os pesquisadores utilizaram fósseis, foi possível datar os acontecimentos da árvore, ou seja, eles conseguiram determinar quando cada grupo de espécies surgiu e se diversificou. Através dessas datas, eles puderam invalidar a teoria que afirmava que aves e mamíferos cresceram e se diversificaram depois do desaparecimento dos dinossauros. Segundo os dados, essa diversificação aconteceu bem antes.

Referências:
Evolutionary biologists solve puzzle of evolutionary relationships among vertebrates. ScienceDaily

Iker Irisarri, Denis Baurain, Henner Brinkmann, Frédéric Delsuc, Jean-Yves Sire, Alexander Kupfer, Jörn Petersen, Michael Jarek, Axel Meyer, Miguel Vences, Hervé Philippe. Phylotranscriptomic consolidation of the jawed vertebrate timetree. Nature Ecology & Evolution, 2017; DOI: 10.1038/s41559-017-0240-5

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

As queimadas na Amazônia e o seu pulmão

Fonte: Agência Fapesp.

É provável que todos saibam a importância da Amazônia para a manutenção da diversidade biológica, clima e meio ambiente estáveis. O que pouco se sabe é que a queima da biomassa (matéria orgânica de origem vegetal ou animal) nessa região decorrente do desmatamento, criação de gado, práticas agrícolas e uso do carvão influenciam diretamente a saúde do seu pulmão. Não importa se você está lendo isso no norte ou sul do país. Obviamente populações que moram mais próximas dessas áreas de queimadas são mais afetadas, mas quem mora mais ao sul também pode ter problemas. Em 2015, um estudo publicado na Nature Geoscience, com participação de pesquisador brasileiro, mostrou que a diminuição do desmatamento (e também das queimadas) na Amazônia evitou que aproximadamente 1.700 pessoas na América do Sul morressem em decorrência de problemas pulmonares. Importante ressaltar que a maior parte dessas pessoas não mora próximo à área de queimadas. Isso porque a queima da floresta gera compostos muito pequenos que podem ser transportados pelas correntes de vento e chegar a longas distâncias.


Agora, um grupo multidisciplinar de pesquisadores brasileiros e americanos está estudando os impactos desses compostos em culturas de células pulmonares. Através de modelos matemáticos, os pesquisadores conseguiram chegar a uma concentração de partículas proveniente de material queimado inalada pela população num raio de 500 mil quilômetros quadrados. Com esse resultado, eles puderam realizar estudos in vitro com células pulmonares e avaliar como elas respondiam a essas partículas tanto a nível celular, quanto molecular. Os resultados foram alarmantes. Num primeiro momento, as células pulmonares começaram a liberar substâncias inflamatórias causando estresse oxidativo, o que danifica as estruturas celulares. Proteínas como a P53 e a P21 (ambas envolvidas com replicação celular e danificadas em muitos casos de câncer) mostraram aumento de expressão e as células, de um modo geral, pararam de se replicar. As células também entraram em processo de autofagia, que é basicamente a autodegradação das estruturas internas. Tudo isso aconteceu em 24 horas! A partir desse momento, a coisa só piorou. As células começaram a entrar em apoptose (morte celular programada) e necrose (morte celular em que o conteúdo da célula é extravasado no meio gerando inflamação). Após as 72 horas do experimento, algumas culturas celulares registravam até 33% de morte celular, contra 2% dos controles. Além da porcentagem maior de morte celular, o que pode causar problemas respiratórios como enfisema, algumas células sobreviventes mostravam sinais de danos ao DNA, o que pode acarretar câncer no futuro.
Morte celular vista com microscopia de fluorescência para diferenciar apoptose de necrose. Fonte: Alves, et al., 2017.

Segundo um dos pesquisadores envolvidos no estudo, o composto encontrado em maior quantidade na fumaça analisada proveniente da queima da biomassa é chamado de reteno. No mesmo trabalho também foi avaliado o efeito isolado desse composto nas culturas celulares. O resultado foi morte celular e danos ao DNA semelhantes ao mix de partículas testado anteriormente. Apesar de não ser proveniente da queima de combustíveis fósseis, o reteno é um composto muito presente no ar de grandes cidades, como São Paulo, provavelmente por conta das queimadas estimuladas por práticas agrícolas (queima de cana de açúcar) e para geração de energia (carvão).

O trabalho mostrou os mecanismos de ação de partículas geradas pela queima da biomassa no desenvolvimento de problemas pulmonares. Com ele, os pesquisadores esperam poder contribuir para o desenvolvimento de novas diretrizes que visem a proteção da saúde de pessoas que vivem em regiões altamente afetadas pelas queimadas.

Referências:

Poluente emitido pela queima de biomassa causa dano ao DNA e morte de célula pulmonar. Agência Fapesp.

N. O. Alves, J. Brito, S. Caumo, A. Arana, S. S. Hacon, P. Artaxo, R. Hillamo, K. Teinilä, S. R. B. Medeiros & P. C. Vasconcellos. Biomass burning in the Amazon region causes DNA damage and cell death in human lung cells (2017). Scientific Reports, 7:10937.

C. L. Reddington, E. W. Butt, D. A. Ridley, P. Artaxo, W. T. Morgan, H. Coe & D. V. Spracklen. Air quality and human health improvements from reductions in deforestation-related fire in Brazil (2015). Nature Geoscience, 8: 768 – 771.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Links para saber mais - Café e diabetes

Como eu mostrei aqui no blog semana passada, a cafeína pode ser considerada uma droga mais perigosa que a maconha, por exemplo. Por conta disso, o café, principal fonte de cafeína da população (temos outras fontes como a erva mate e os drinks energéticos, por exemplo) foi, muitas vezes, considerado um vilão para a saúde. A questão é que quem gosta de café, gosta muito e é sabido que cientistas são movidos a café (quem aqui já trabalhou em um laboratório sem cafeteira?), por isso, é claro que pesquisadores não iriam poupar esforços para mostrar que o café não é tão ruim assim. Muito pelo contrário.


Num texto de agosto, eu mostro uma pesquisa com mais de 16 mil pessoas que chegou a conclusão que beber café diminui o risco de morte por doenças cardíacas, câncer, derrame, diabetes e doenças nos rins. O estudo, inclusive, mostrou que com cafeína ou sem, o café tinha os mesmos efeitos benéficos na população. Como se isso não bastasse, um grupo de pesquisadores da Dinamarca focou seus estudos especificamente no uso de substâncias derivadas do café para o combate e prevenção de diabetes tipo II.

Em 2015, esse grupo, liderado pelo pesquisador Søren Gregersen, avaliou os efeitos de cafestol e ácido caféico em culturas celulares. Ambas as substâncias conseguiram aumentar a liberação de insulina pelas células quando glicose era adiciona ao meio. Além disso, o cafestol aumentava a capacidade de absorção de insulina em células musculares na mesma medida que drogas antidiabéticas. Agora, em 2017, o mesmo grupo publicou um artigo mostrando os resultados do cafestol in vivo. Eles avaliaram o efeito do cafestol em cobaias com alta probabilidade de desenvolver diabetes tipo II. O que eles viram foi que o grupo de ratos tratados com cafestol por 10 semanas tinha baixos níveis glicose no sangue e maior capacidade de secreção de insulina quando comparado ao grupo controle. Outra vantagem foi que o cafestol não causou hipoglicemia (glicose baixa no sangue), o que é um efeito colateral da maioria das drogas utilizadas para o combate de diabetes.
Fonte: Fredrik Brustad Mellbye et al., 2017.
A intenção dos pesquisadores é produzir uma droga capaz de tratar e talvez prevenir a diabetes tipo II. Enquanto isso, podemos continuar tomando nossa dose diária e deliciosa de café e absorvendo todos os seus benefícios. Sem exageros!

Referências:
Coffee compounds that could help prevent type 2 diabetes identified. Science Daily.

Substance in coffee delays onset of diabetes in laboratory mice. Science Daily.

Fredrik Brustad Mellbye, Per Bendix Jeppesen, Kjeld Hermansen, Søren Gregersen. Cafestol, a Bioactive Substance in Coffee, Stimulates Insulin Secretion and Increases Glucose Uptake in Muscle Cells: Studies in Vitro. Journal of Natural Products, 2015; 78 (10): 2447 DOI: 10.1021/acs.jnatprod.5b00481

Fredrik Brustad Mellbye, Per Bendix Jeppesen, Pedram Shokouh, Christoffer Laustsen, Kjeld Hermansen, Søren Gregersen. Cafestol, a Bioactive Substance in Coffee, Has Antidiabetic Properties in KKAy Mice. Journal of Natural Products, 2017; 80 (8): 2353 DOI: 10.1021/acs.jnatprod.7b00395

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Links para saber mais - Microbioma e Parkinson

Um time liderado por pesquisadores da Universidade de Luxemburgo pode ter descoberto uma nova maneira de detectar Doença de Parkinson antes de existirem sintomas neurológicos.

Existe uma teoria que diz que a doença de Parkinson não se origina no cérebro. Segundo essa teoria, um patógeno desconhecido invade o corpo (através do trato gastrointestinal ou vias aéreas) e uma vez dentro do organismo, esse patógeno começa um processo que acaba por afetar o enovelamento de uma proteína conhecida como alfa-sinucleína. A função exata dessa proteína permanece desconhecida, mas ela é um dos principais componentes dos corpos de Lewi (agregados anormais de proteínas que se desenvolvem no interior das células nervosas em portadores da Parkinson). Do início do problema com a proteína até o desenvolvimento do Parkinson, podem-se passar décadas. Geralmente quando a doença é detectada, algumas regiões do cérebro já estão irreversivelmente afetadas.

O que esses pesquisadores fizeram foi, então, avaliar o perfil de microbioma intestinal e nasal de pacientes com Parkinson, pacientes saudáveis e pacientes com uma síndrome que são muito propensos a desenvolver Parkinson. O que eles viram foi uma diferença marcante entre os três grupos. Pacientes com Parkinson podiam ser diferenciados de pacientes do grupo controle pelo perfil da sua microbiota intestinal. Já alguns pacientes com a síndrome tinham bactérias em comum com pacientes com Parkinson, outros não.

Os pesquisadores esperam descobrir qual o papel do microbioma no desenvolvimento da doença e se a presença ou ausência de determinado grupo de bactérias poderia servir como um marcador biológico para detectar Parkinson nos primeiros estágios.

Quer saber mais sobre como sua microbiota pode influenciar o funcionamento e desenvolvimento do seu cérebro? Acesse o texto aqui do blog que eu te conto.

Referências:
Altered bacterial communities in the gut could be an indicator for Parkinson's disease. Science Daily.

Artigo original:
Anna Heintz-Buschart, Urvashi Pandey, Tamara Wicke, Friederike Sixel-Döring, Annette Janzen, Elisabeth Sittig-Wiegand, Claudia Trenkwalder, Wolfgang H. Oertel, Brit Mollenhauer, Paul Wilmes. The nasal and gut microbiome in Parkinson's disease and idiopathic rapid eye movement sleep behavior disorder. Movement Disorders, 2017; DOI: 10.1002/mds.27105

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Eu procrastino, tu procrastinas...

Procrastinar é deixar para depois alguma tarefa. Eu procrastino, tu procrastinas, eles procrastinam, nós procrastinamos. Todo mundo procrastina. Eu, por exemplo, enquanto estava escrevendo esse texto, parei em diversos momentos para fazer coisas aleatórias como fazer um lanche, olhar o Facebook, e-mail, etc. Toda essa procrastinação me atrasou algum tempo, mas não causou nenhum prejuízo. E você se sente mal por procrastinar?
                                           
Segundo pesquisas, o grupo de pessoas que mais procrastina são os estudantes. As desculpas são as mais diversas: “Eu funciono melhor sob pressão”. “Eu consigo terminar isso em menos tempo”. Ou simplesmente, “eu não quero fazer isso agora porque quero ver vídeo de gatinhos no Youtube”. Eu entendo que existem tarefas muito chatas na vida de qualquer pessoa, que se pudéssemos escolher, não faríamos, mas nós não podemos. O problema é quando a pessoa procrastina em tudo. Em alguns casos, a pessoa consegue gerenciar a situação, mas em outros, é comum sentir ansiedade, depressão e culpa por não fazer as tarefas.

Procrastinação não é uma disfunção psiquiátrica ou uma doença. Apesar disso, alguns trabalhos a associam a quadros de ansiedade, perfeccionismo clínico e depressão. Aproximadamente 15% da população é muito procrastinadora, tendo prejuízos por conta disso. Para essas pessoas é aconselhado tratamento psicológico ou psiquiátrico que amenizam a procrastinação e suas consequências. Um artigo recente de pesquisadores suecos testou os efeitos de terapia cognitivo comportamental em alunos procrastinadores. Os alunos voluntários tinham que responder questionários sobre suas dificuldades de iniciar e terminar compromissos, prazos, sintomas de ansiedade, depressão e bem-estar. A partir desses questionários, os pesquisadores conseguiram identificar um grupo de pessoas que procrastinavam mais e sentiam as consequências. Esses estudantes foram então divididos em dois grupos: um recebeu terapia presencial em grupo e o outro recebeu terapia online com questionários, tarefas e conselhos. Os pesquisadores notaram que seis meses após o término da terapia, a maioria dos estudantes que receberam terapia presencial relatou estar procrastinando menos e se sentindo melhor, enquanto que os estudantes que receberam terapia online voltaram aos mesmos índices de procrastinação. Os autores do estudo dizem que apesar da terapia ter melhorado a vida dos procrastinadores, ela seria indicada para procrastinadores problemáticos, ou seja, aqueles que têm a vida realmente afetada pelo problema.

A conclusão do estudo anterior é que procrastinação não é uma doença e todo mundo é um pouquinho afetado por ela. Afinal, quem não prefere ver vídeos de gatinhos no Youtube? Tim Urban explica muito bem esse mecanismo num TED talk em que conta a sua história como um procrastinador nato. Ele explica, de maneira muito divertida, o que a procrastinação causa na sua vida e quais as diferenças entre os cérebros de pessoas procrastinadores e não procrastinadoras. Confira no vídeo abaixo:
                                      
Piadas à parte, procrastinar não é pecado, mas é bom ficar atento aos efeitos que isso possa estar causando na sua vida. Existe uma porção de dicas e técnicas que você pode encontrar para tentar melhorar seu desempenho. Esse site, por exemplo, dá cinco dicas simples que você pode tentar. E se você perceber que a coisa está ficando feia, passa no seu psicólogo(a) ou psiquiatra e conversa com ele(a).
                        


Referências:

Artigo sobre terapia cognitivo comportamental em procrastinadores: https://doi.org/10.1016/j.beth.2017.08.002

Psicólogo e professor de uma Universidade no Canadá dá dicas aos estudantes sobre procrastinação: https://www.youtube.com/watch?v=mhFQA998WiA (vídeo em inglês).

TED Talk com Tim Urban: https://www.youtube.com/watch?v=arj7oStGLkU (video em inglês).

5 Dicas para você melhorar a procrastinação.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Links para saber mais - Segurança das Drogas

Qualquer droga que altere nosso comportamento traz um certo risco, seja ela lícita (álcool ou cafeína, etc) ou ilícita (cocaína, heroína, etc). Mas quão perigosas são certas drogas? Para responder essa questão vamos olhar um trabalho de um professor de psicologia da Universidade de Claremont (EUA). Ele cruzou dados sobre dependência e letalidade de diversas drogas e chegou a esse gráfico:

Acesse a página aqui.
Segundo seus dados, o LSD e a psilocibina (cogumelos alucinógenos) são as drogas menos letais e que causam menos dependência. Ao contrário, a heroína seria a droga mais perigosa, mais letal e com maior probabilidade de causar dependência.
Além disso, também é possível ver no gráfico que a cafeína (substância a qual eu tenho dependência) pode ser letal numa quantidade bem menor que o álcool. Perceba que estamos falando de drogas lícitas. No caso de cafeína, ela é inclusive permitida para crianças. Já a cannabis, ilícita em alguns países, inclusive o Brasil, tem um potencial letal beeeem menor que a cafeína e o álcool (também amplamente difundido na nossa sociedade).
Falando em letalidade do álcool, esse mesmo professor tem um artigo em que compara a letalidade do álcool a outras drogas. O resultado foi esse:

Incrível não? Como uma droga lícita e tão inserida na nossa sociedade pode ter o potencial letal tão maior que muitas outras ilícitas. Na verdade, toda a pesquisa do professor Gable foi motivada justamente por essa questão do álcool. Segundo consta, seu filho perguntou se MDMA (ecstasy) era como o álcool. Apesar de conhecer um pouco sobre os efeitos do ecstasy, ele não sabia a resposta e sabia que ela não era tão simples. A partir daí começou a estudar mais a fundo sobre a questão. Seu trabalho pode ser visto aqui.

Referências:
https://rgable.wordpress.com/



domingo, 3 de setembro de 2017

Links para saber mais

O que saiu na nossa página do Facebook essa semana, agora no blog.

- Reportagem da BBC faz uma entrevista com um físico brasileiro falando sobre os cortes que estão acontecendo na ciência brasileira e como isso está gerando um êxodo de cientistas, professores e estudantes para fora do Brasil. Leia a reportagem aqui.

-Página do Pós-Graduando do Facebook ajuda você a escolher qual teste estatístico utilizar na sua análise. Página aqui.

-Secretaria de Saúde de Porto Alegre encontra traços de uma bactéria chamada Listeria monocytogenes em equipamentos de processamento de embutidos nos supermercados Zaffari. Ela alerta para que a população não consuma os embutidos comprados nesse supermercado até segunda ordem. A bactéria pode causar septicemia, meningite e aborto em mulheres grávidas, entre outras coisas. Nota da Secretaria de Saúde de Porto Alegre aqui.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Links para saber mais - origem dos olhos azuis

Olhos de cor azul são resultado de uma mutação em parte de um locus responsável pela produção de melanina. O locus OCA2. A mutação em questão impede que a proteína seja capaz de dar a cor marrom ou castanho à íris. Quando o locus é completamente inativado, o indivíduo não é capaz de produzir cor na pele, cabelos e pelos, sendo essa condição conhecida como albinismo.

A variação de cores da íris entre marrom e verde são todas explicadas pela quantidade de melanina nessa parte do corpo e surge de alterações genéticas diversas, mas indivíduos de olhos azuis possuem pouquíssima variação de coloração. Ao contrário de pessoas com olhos marrons, pessoas com olhos azuis tem, todas, a mesma mutação no mesmo local do locus OCA2. Pessoas com olhos de outras cores possuem variação considerável nessa parte do gene que controla a produção de melanina na íris. Por conta disso, pesquisadores começaram a desconfiar que todas as pessoas com olhos da cor azul possam ser descendentes de um único ancestral comum.

É o que descreve o artigo de pesquisadores da Universidade de Copenhagen que analisaram famílias com portadores de olhos castanhos e azuis. A origem dos participantes do estudo foram diversas (apesar de todos serem europeus). A mutação responsável pelo fenótipo cor azul dos olhos provavelmente surgiu em regiões próximas ao Mar Negro no período Neolítico, por volta de 10 mil a 6 mil anos atrás. Segundo os pesquisadores, a mutação não traz nenhum valor adaptativo e sua manutenção seria fruto, simplesmente, da variabilidade intrínseca do DNA. Os cientistas também viram que a mutação é conservada em outros animais que possuem fenótipo olhos azuis.

Referências:
www.sciencedaily.com/releases/2008/01/080130170343.htm

Hans Eiberg, Jesper Troelsen, Mette Nielsen, Annemette Mikkelsen, Jonas Mengel-From, Klaus W. Kjaer, Lars Hansen. Blue eye color in humans may be caused by a perfectly associated founder mutation in a regulatory element located within the HERC2 gene inhibiting OCA2 expression. Human Genetics, 2008; 123 (2): 177 DOI: 10.1007/s00439-007-0460-x